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Poesias-->triste desfile -- 26/12/2013 - 22:10 (maria da graça ferraz) |
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Deus disto nos livre !
Mas
...
Todos os dias,
o triste desfile
da miséria com a bile
na imensa folia
das tenebrosas grifes
nos postos de Saúde
As manequins magrelas
de cabelo comprido
com seborreía
e Fios mal tingidos-
raiz negra
pontas amarelas-
sacudiam piolhos e caspa
pelas passarelas
Na platéia, costureiros
gritavam - Lindas ! Brasileiras lindas!
E os finos vestidos de gala-
tules de anemia
sobre a pele magra faminta
envolviam transparencias de uremia
a cobrir como véu
o corpo esquálido desnutrido
num aterrorizante figurino
As botas de couro
vermelhas,
ultrapassavam as canelas,
marcando as estampas
das varizes e erisipela
Os brocardos das dermatites,
organzas de febre,
tafetá das infecções,
originavam um visual leve
Os casacos de raposa,
fina e cara pele-
no fogo selvagem,
que queimava a moça
em uma grande cruz
No pescoço, a jóia,
o colar da Tireóide
do tamanho de um ovo
de avestruz
Palmas para os figurinistas!!
Por fim, o arremate final :
Costurada a boca
com saco de estopa
porque se falar demais complica
E como lantejoula-puro ouro:
o título de eleitor na bolsa
E assim,
À tesoura e à presilha,
filhas do medo, órfãs do amor,
todos os dias,
elas desfilavam pela rampa
de Brasilia
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