Usina de Letras
Usina de Letras
14 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63265 )
Cartas ( 21350)
Contos (13302)
Cordel (10360)
Crônicas (22579)
Discursos (3249)
Ensaios - (10693)
Erótico (13594)
Frases (51790)
Humor (20180)
Infantil (5606)
Infanto Juvenil (4954)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141323)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1966)
Textos Religiosos/Sermões (6359)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->epidemia -- 26/12/2013 - 22:02 (maria da graça ferraz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No saguão escuro e largo

Janelas altas e foscas

Ar estagnado

Caravela estava parada!



Maresia...Calmaria....

no hospital

De vez em quando,

um pequeno mosquito

atravessava as varandas

como a barbatana dorsal

de um tubarão branco



Só a criança, ainda fraca,

sentia a ameaça,

mas nada dizia,

braço no soro,

mantinha apenas um dedo para cima

como um sinalizador

pedindo socorro



Epidemia. Dengue. Dengue.

Mulheres disformes, gordas, exaustas,

de olhos vermelhos como sangue,

sentavam-se no chão

Um homem drogado

posto de quatro dormia

abraçado com um cão

Gestantes cansadas vestes imundas

seguravam a barriga como atlas

segurava o mundo

Velhos manchados, trôpegos,

pele ardida, cortada,

não mais andavam, escorriam,

untados em secreções

de pús e saliva



Epidemia. Dengue. Dengue.

Gente sobre gente, multidões

de pés sujos, arrastavam-se,

roupa com mofo, boca de arroto,

ferida aberta pintada com iodo

No ar o cheiro de criança

mal lavada

e de respiração



Epidemia. Dengue. Dengue.

Jovens tontos e quentes,

sentados, enroscados,

comprimindo o corpo

contra si mesmo,

tentando arrancar a dor

O desespero!

Náufragos de um país,

abandonados a esmo



Tudo tingia-se com vermelho

Febre....Febre alta...

Inferno na terra

Hemorragia à espreita

Plaquetas em queda!



O mar à volta

cheio de perigo

Asas de mosquito

transparentes

silenciosas



E uma médica alucinada

sobre uma tábua flutuante

carregada pelas águas ondulantes

seguindo o longo rastro

da solidão humana

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui