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Poesias-->em outro poema -- 26/12/2013 - 21:44 (maria da graça ferraz) |
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E havia o avô-
um dia foi encontrado
mortinho, em pé,
duro, saco de café,
olho aberto, olhando tão longe,
que ninguém sabia
para onde o olhar
do vô morto em pé
ia sossegar
E havia a avó
com sua pele de tabuleiro
e sua mão de parteira
cansada de cortar cordão
e preparar chá de erva
para ataque do coração
E havia o pai
Com seu andar arrastado
Passo contado
Corcunda no dorso
Mãos enormes
que não cabiam mais nos bolsos
e ele não sabia o que fazer com elas
E havia a mãe
com seu corpo de furacão
andar ligeirinho
sempre carregando alguma coisa
pesada em cada mão
e olhando baixo
para ver se algum filho caía no chão
E havia o irmão
Qual?
Aquele que morreu?
Não?
Qual outro?
O que fugiu?
O que está preso?
O que vive de seguro desemprego?
E havia a irmã MAIS VELHA
que dizia ser donzela
mas vivia de saia amassada
e perna arranhada
de tanto deitar na mata
E havia a irmã mais nova
que também dizia ser donzela
e vivia de saia amassada
perna arranhada
de tanto deitar na mata
E havia bandos
de irmãs iguaizinhas
com as barrigas lisinhas
" por enquanto"
E havia a dor
que os unia
e quem dentre eles sorria,
o elo rompia,
era expulso da família,
como aconteceu com uma das tias
E havia os sonhos alucinados-
puro estratagema-
que os mantinham vivos
Mas isto eu falo
em outro poema
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