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Poesias-->filo 27 -- 19/12/2011 - 10:20 (maria da graça ferraz) |
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Ouço-te
E como é longo teu discurso!
Interminável
Quase um sussurro
Ouço-te
E como parecem compridas
tuas palavras
Soletradas
Lançadas aos punhados
como se tu ditasses
uma lição
para aluno pouco esforçado
Ouço-te
como uma testemunha
convocada às pressas
Ouço-te
como um intrusa
que adentrou a festa
pela porta dos fundos
Ouço-te
Pela interrupção brusca
Estes abismos
Estes muros
E tu,
ao fim de cada frase,
voz grave, abrupta,
perguntas-me :
" Estás me entendendo?"
E eu nada respondo
porque sei que tu conversas
é contigo mesmo
Ouço-te
pelo que nunca dizes
pelas tuas pausas difíceis
Estas cicatrizes!
Ouço-te
como um espelho dócil
aceita qualquer monólogo
E nunca sei quando tu começas
o falatório
ou quando o acabas!
Ouço-te
como tua própria cara-
estupificada , mesquinha,
boca em Ó-
ao fazeres tua barba,
como quem cata
restos de fios e espinhos
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