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Poesias-->POL SOCIAL 067 -- 18/12/2011 - 21:30 (maria da graça ferraz) |
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Na casa dele
havia sempre
um gato no telhado
de pelo eriçado
castanho-avermelhado
com loucos miados
Havia ainda uma árvore
de frutos dourados
e uma grande sombra
fresca que vestia
o chão com luto e tristeza
Havia também
asas de pão branco
postas à mesa
e tijelas de barro
cansadas e antigas
quase sempre vazias
E crianças!
Muitas crianças como ele!
Crianças correndo
através de tudo
com pernas magras e compridas
procurando um pulo
E uma velha!
Saia florida rodada
Lenço na cabeça
Pele de palavras cruzadas
Calada!
Na casa dele
Havia uma goteira
como relógio de parede
E cheiro de terra molhada,
remexida, com algo a ser
plantado, talvez, um dia
Na casa dele
havia uma lágrima de mulher
que nunca derramava
E o cheiro
do remédio da família
por todos os lados:
amargo
feito de raízes bravas
Que todos tomavam
em colheradas forçadas
Mas havia também... "a bola"
Remendada
Triste
En seu movimento
de mágicas elipses
A bola!
Algo que o movia
como um sol humilde
desenhando manhãs aos seus pés
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