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Poesias-->MEDICO 158 -- 18/12/2011 - 21:17 (maria da graça ferraz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Todos os que passam

neste hospital

possuem os mesmos olhos secos

Infinita a sede!



No rosto

o mesmo olhar opaco

triste e baixo

como quem mira

um abismo largo



No rosto

o mesmo olhar

costurado com botão

Vazio e raso

que não enche

nenhuma mão



No rosto de todos

o mesmo olhar inexpressivo

Indiferente. Sonambulíco.

Que rola

como uma conta de vidrilho

sem a mínima direção



No rosto deste povo

a tela branca

e a boca vermelha

semiaberta

pouca tinta

de onde se derruba

o pincel da língua

sem saliva



Nos rostos

O olhar de silencio

e de pedra

Sem força

De quem se fecha

e nada mais enxerga



E eu passo meus dias

neste hospital

procurando um pedaço de água

no recomeço das noites

para dar de beber

a todos estes olhos

que gritam por socorro



E minhas lágrimas

vão subindo

atingindo meus ombros

meu pescoço

palmo a palmo

pouco a pouco

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