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Poesias-->POL SOCIAL 717 -- 18/12/2011 - 21:04 (maria da graça ferraz) |
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Os dois rapazes haviam saído
do prostíbulo conhecido
e conversavam à porta da entrada,
quando avistaram um vulto
do outro lado da rua
Era um homem grande
Provavel dois metros de altura
Tonto e cambaleante
Completamente embriagado
Vestia um casaco escuro
cujo capuz levantado
cobría-lhe a cara
Observando-o melhor,
não era um casaco,
mas uma capa.
Melhor , uma manta preta
sobre os ombros e a cabeça
que lhe descia até os tornozelos
-É o " Execrável"?
-O "Execrável" no prostíbulo?
Isto é ridículo!
O vulto, ou o homem
grande encapuzado,
abrira uma garrafa
e inclinando o gargalo,
entornava-a na garganta
-Não acredito!
O Execrável é um homem honrado
Deve ser alguém parecido
O vulto atravessou então a rua,
passou pelos rapazes,
sem sequer olhá-los
sacudindo uma chave
Ele estava quase
chegando à uma portinhola,
na parede lateral,
quando um dos rapazolas perguntou:
-Execrável?
O vulto, então, deteve-se
Sua figura escura,
como a de um grande urso,
parecia crescer em tamanho
por cada um de seus músculos
Os rapazes respiraram fundo
O vulto, então, voltou-se
subitamente, para eles,
pondo-se de frente,
os olhos verdes de vidro,
frios como uma lâmina viva
E ,antes que eles
pudessem dizer alguma coisa,
o vulto os pegou pelo pescoço,
laçando-os com fortes dedos,
pressionando seus ossos,
retirando-lhes o ar,
e os arrastou até o fundo de um beco
situado nos fundos do lupanar
O Execrável, então, atirou-os
no chão imundo, junto ao lixo,
e mãos em punho, gestos de ameaça,
ajoelhou-se diante deles como um bicho
pronto ao repasto, e disse:
-Calem a boca!
Somos uma sociedade secreta
Devemos ser discretos
Como ousam chamar-me
pelo nobre título,
no meio de uma via pública
e diante deste prostíbulo?
-Pensamos que o senhor
estivesse precisando de ajuda-
disse um dos rapazes,
voz de desculpa
-Calem a boca!
Digam-me a senha! Eu quero a senha!
-FIAT JUSTITIA
RUAT COELUM-
respondeu o outro rapaz,
engolindo em seco,
com o magro braço estendido
á frente do peito
-Somos neófitos, senhor
Recém admitidos!
-E não sabem
sobre OBEDIENCIA E SIGILO?
Acham que é fácil
viver uma vida em eterna vigília?
E quando arrumo um tempinho tranquilo
para dar uma boa trepada
ainda tenho que suportar no meu encalço,
dois novatos destrambelhados?
O Execrável então levantou-se
Respirou. Olhou a lua.
A manta abriu-se, desvelando
o brilho do quarenta e quatro
preso à sua cintura
Ele, então, retirou
uma garrafa de seu paletó
e bebeu dois grandes goles:
- Se vocês querem saber?
Quero que caia aquele Templo
no meio da cara do Grande Bode
Ele estava ébrio...Ria...
Sorvendo a bebida.
- Vocês pensam que é fácil
esta minha vida?
Pensam que é fácil...
Controlar estruturas políticas,
econômicas e jurídicas
e atrair homens
para meus esquemas ilícitos?
Pensam que é fácil persuadir
que o mal é o bem
e dominar pelo medo
através de infames ardis?
Arranjar falsos profetas
e adulterar antigos textos
para convencer os tolos da Nova Era?
Pensam que é fácil?
Pensam que é fácil?
Ter que reconstruir a Babilônia
em todo seu brilho invencível
como a Roma antiga
a Alemanha nazista
ou a Russia comunista?
Espalhar mentiras
como a de que o amor
é uma invenção dos parasitas?
O que vocês sabem da lida?
São dois jovens de cabeça vazia
Pois não é fácil
Não é fácil
carnavalizar a moral, a família..
Formentar guerrilhas
Apoiar presidentes
com suas quadrilhas-
este bando de socialistas
ordinários e sanguessugas
afeitos aos negócios escusos
Espalhar boatos e lendas :
Disco Voador. Efeitos estufa.
Raios mortíferos.Aquecimento global
Chantagear editores e donos da mídia
para atingir a tal da NOVA ORDEM MUNDIAL
Ter que subjugar e aterrorizar
a população do mundo inteiro
Humilhá-los para então
roubar-lhes todo o dinheiro
Não é fácil!
Fazê-los lutar pela fantasia,
pelo ócio e pelo inútil
como simples robôs
Transformar o planeta
num video -gaime infernal e pornô
Corromper Cristo
e no final, ainda convercer-lhes
de que EU não existo!
Os rapazes estavam emudecidos
Confusos. Petrificados.
Sentados no chão,
disputavam o território
com os vários ratos
que reviravam o lixo
em busca de um bom bocado
O Execrável, então, inclinou o corpo,
colando seu rosto
ao dos rapazes,dizendo em sussurro
- Vocês não devem falar
que me viram neste lugar
mal afamado
Para todos, sou um homem honrado,
um chefe de família exemplar,
modelo da virtude e de integridade,
um cidadão acima de qualquer
suspeita nesta cidade
Fiz até, pasmem,
cursilho de cristandade
E devo manter estas imagens morais
para facilitar minha atividades
aéticas e ilegais
Ele,então, piscou um dos olhos
e abrindo os braços,
gestos dramáticos
- A polícia procura os criminosos
nos locais mais imundos e desérticos
quando eu estou tão perto..Tão perto de todos!
Face fingida de santo
Olhar para cima
Mãos unidas em oração
- Estou sempre a rezar, tão fervoroso,
na igreja, ao lado da minha esposa,
enquanto canto com as beatas
hinos sacro-religiosos
Os rapazes tremiam
Estava frio
O ar impregnára-se
com o hálito etílico
Continuavam sentados
ao lado do lixo do bordel:
cacos de vidro,
preservativos, seringas
descartadas, calcinhas inutilizadas
E sobre tudo isto, roedores e baratas
Era o lixo nunca consumido
imperecível
que à noite respirava e sobrevivia
-Somos uma grande família!
Responsável pela guerra
da quinta geração
Se falhar nossa revolução o mundo
continuará nesta caretice estúpida
- E se vencermos?-
perguntou um dos rapazes
-Se vencermos?-
O homem repetiu com desprezo, e continuou:
Se vencermos
o mundo continuará estúpido
porém menos careta
Afinal, o que esperar de nós-
meros homens, criaturas imperfeitas,
se não loucura e alguns brinquedos?
Ele, então, balançando o dedo indicador,
continuava:
-Somos um tipo de pscicanalista
Fazemos emergir à superfície
resquícios recalcados, complexos,
culpa, a dor, toda a dor incompreensível
O Execrável estava completamente
embriagado e mal sustentava
o corpanzil em pé
Ele, então, convidou os rapazes
para se levantarem
-Querem saber qual o segredo
de nossa Ordem?
Os rapazes curiosos
responderam
-Sim, Execrável! Sim! Sim!
-Vocês tém muita sorte
Saibam que porcausa deste segredo,
muitos foram condenados À morte
e à danação eterna
-Manteremos segredo
do GRANDE SEGREDO
Bêbedo, o Execrável olhava-os
com dificuldade
Neste momento, o ruído de um trinco,
porta escondida,
uma mulher vestida de escarlate,
emergiu do esconderijo-
Linda, visão beatífica,
mas quando ela viu os rapazes
rapidamente se recolheu
de volta à sua intimidade
O Execrável, amparado,
em ambos os lados,
pelos dois jovens,
trançando os pés,
seguiu até a pequena porta
mantida aberta,
onde até a pouco
surgira a mulher
-O segredo, senhor
-Segredo?- ele repetiu
Não! Vocês não suportariam
o segredo...
-Suportaremos!
Suportaremos!
-O GRANDE SEGREDO?
O MISTÉRIO...
É tão bom quando há
ainda mistérios
Sem isto, o que resta
é a nossa humana miséria
- Execrável, por favor, diga-nos
qual é o GRANDE SEGREDO
de nossa ordem
Neste momento, o Execrável
havia parado
na soleira da porta
- O grande segredo?
A palavra proibida?
Um dia fui um rapaz como vocês
Crédulo e perdido!
ele batia em sua testa-
O grande segredo vocês me perguntam?
Eu também perguntei isto um dia
Neste momento,
a mulher ruiva e bela,
nuas pernas,
surgiu do nada,
tomou as mãos
do Execrável nas suas
Ele ia acompanhando-a
quando um dos rapazes insistiu
- Qual é segredo, Senhor?
- Quer segredos?
O que entendes por segredos?
-A imortalidade?
O Execrável riu....Completamente bêbedo!
- Imortalidade?
Larga de ser burro!
Já há imortalidade
nestes ciclos de erros ininterruptos!
Pois
O GRANDE SEGREDO
O GRANDE SEGREDO
é
......................
É QUE NÃO HÁ SEGREDO ALGUM!
Os rapazes permaneceram
ao relento
um longo tempo
sem trocarem uma só palavra
Nada diriam!
E quando as primeiras luzes
da manhã surgiram,
eles caminharam
lado a lado
até se perderem em meio
a multidão de todos os dias
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