LEGENDAS |
(
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
(
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
Poesias-->Da ambrosia à anestesia, tudo é poesia -- 20/09/2011 - 00:57 (E.L. Kamitani) |
|
|
| |
Da ambrosia à anestesia, tudo é poesia
Da sombra sem conserto ao infinito trato
Tudo é poesia insuspeita
Tudo é adoração devota
Rios de vinho tinto nos escuros cômodos incômodos
Virtuosa corrente flamejando palavras desconcertantes
No quase outubro de sempre
Noturna seqüência canina
Onde os dentes florescem primaveras carnívoras
E elucubram paixões,
Tudo em ti é poesia, doce poesia
Sem tato, sem percepção, sem sensibilidade,
Tudo é poesia agonizante
Varrendo, discutindo, reivindicando
Seus novos círculos, seus jornais,
Suas flâmulas rebeldes decepando a verde projeção.
Tudo é poesia, conseqüência do asfalto, do telúrico,
Das laminares responsabilidades que passam,
Dos horizontes que sobrevoam nas folhas que dormitam nas gavetas,
Dos sapatos doados na última remessa
Tudo é poesia, enzimática, rascante, repleta de arestas suaves,
Barcaça de alcaçuz na plenitude do sal do mar e das minas,
E do que não sentimos,
E do que adoçamos,
Sempre sobra algo que não podemos resgatar,
O pequeno vazamento que impede a conta de fechar.
Tudo é poesia, da ambrosia à anestesia,
Tudo é realidade disfarçada de realidade e
Essência disfarçada de essência, tudo é representação
De nossos disfarces, de nossas velas guerreiras
Cumprindo a procissão dos ventos,
Tudo é gelado, vulcânico, precipitado
Como nuvens e neve eterna,
Como a água que corre na planície,
Como as platitudes que dizemos todos os dias
Para sustentar um mundo de sorrisos
(Eder Kamitani)
|
|