A dor que quebra meninos em partes
manifesta-se, violenta,
a cada olhar reverso
que lanço ao espelho do quarto.
Tirada da retina profunda
esta dor surge, impávida,
a lembrar a frieza cortante.
A dor que parte meninos em vermes
fárta-se, gulosa,
na tenra carne
que, exalando frescura, ignora.
Na fresca carne se instala
a puta dor corrosiva.
Suja farpa maculada
a contaminar a clareza restante.
A dor que reduz meninos a homens
acérca-se, obscena,
do puro fruto liberto
que insiste crescer no peito.
Tece sua rede indecisa
a estúpida dor homicida.
Céla promíscua de meninos partidos
a lançar seus restos na vasta
solidão reinante.
|