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Poesias-->cont-147 -- 24/12/2010 - 23:34 (maria da graça ferraz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
As duas ovelhinhas

que de "bobas" nada tinham,

andavam desconfiadas

do novo pastor

Dentro do cercado,

enquanto o resto do rebanho dormia,

as duas confabulavam

com voz baixinha e abafada



-Béé´! O que tu achas,

Formosa? Por onde o pastor passa,

deixa cheiro de enxofre e cachaça,

estraga plantação de mandioca,

mata pega fogo,

criança tosse fumaça,

cobra sai da toca,

só dá desgraça



-Bé! Este pastor

é mesmo esquisito, Cheiroso

Não reparaste seu nome :

"Petista Capiroto

Maligno Desditoso"

E tém barba de bode preto

e pé do Tinhoso



-E anda coxo



-E é Canhoto



-Tu achas que ele é um lobo,

Formosa?



-Se tu queres mesmo saber, Cheiroso

Acho que este pastor

combina conosco



-Estás louca?

Que ninguém te ouça!



- Repara, Cheiroso

Somos preguiçosos

Marias vai com as outras

Invejosos. Derrotistas.

Adoramos baderna e fuxico

Somos incapazes

de exercer o raciocínio

Não sabemos até o que é o bom,

o belo e o bonito

Amamos a aparência. Somos narcisos.

Detestamos o estudo

Maldizemos o esforço

E ainda achamos que somos

dentre todos

o mais abençoado dos povos

Pensamos do umbigo para baixo

Gostamos de ser pobres coitados

Somos moralmente fracos

Destinados a ser escravos

Incapazes de emitir qualquer

juízo de lógica filosófica

Então?



-Béé! É Formosa

acho que tu téns razão

Somos as ovelhas negras

da civilização

Sendo assim ele

é mesmo nosso pastor

Devo admitir isto

sem nenhuma fervor



Mas elas foram interrompidas

pelos tanger dos sinos

com a chegada do pastor-

filho das profundezas

Vestido com longa

túnica vermelha

- O que fazeis acordadas,

minhas doces ovelhas?



-Nada! Bééé

Não fazemos nada,

não é, Formosa?



-É, nada!

Adoramos fazer nada juntos



O pastor observou-as

desconfiado

enquanto ajeitava a corcunda

-Vós estais muito limpinhas

Muito lim-pi-nhas-

ele repetiu-

Tão alvas como a lua

e como os jasmins

que crescem nas prisões de Cuba



-É vitiligo, pastor-

explicou Formosa

com rosto fingido



-Vitiligo?

O pastor sorriu-

Eis aqui duas ovelhinhas

conspiradoras, atrevidas

e intelectuais

Estais, por acaso, lendo a VEJA

nas livrarias infernais?

É porisso que vós estais

assim...Alvas...Puras como a neve glacial



-Deixem-nos ir ,Senhor



-Não!



-Por favor, meu Pastor



-Não!



- Bé...Béé...Béee

Mas afinal, quem tu és



-Eu?

Ainda não me reconhecestes?

Sou o coisa ruim. O capa verde.

Na atualidade, chamam-me petista

Bicho degenerado e perdido

Saibais que meu irmão Miguel

em tempos imemoriais,

baniu-me dos céus,

para os vales abissais

Então fiz-me o dono deste Império

Sou o rei da matéria

dos prazeres carnais

da devassidão e de toda dor e miséria



- O senhor odeia

teu rebanho, pastor?-

perguntou Formosa

de cara feia



-Lógico que não!

Amo meu rebanho obediente,

cativo e descrente

preso à ilusão

e aos entorpecentes

que misturo em sua ração

Amo meu rebanho

em seu longo caminho de servidão

Eu confundo-os

Humilho-os. Ultrajo-os.

Torno todos meus capachos

Filhos de ninguém

Vagabundos, como eu!

Estimulo-os às guerras

à gula à ganância

aos pecados da ignorancia



- Então tu destróis

todo teu rebanho

E qual será

com isto o teu ganho?



-Destruo-os?

Não exagereis

Educo-os às novas leis

Afinal, eu sou uma LEGIÃO

Sou o senso comum

O caos. A multidão.

O rebanho. As falanges

Os sindicatos

As turbas inconscientes

A opinião pública

que manipulo

como um grande tartufo

Sou eu, o grande rabudo!



-Qual seu objetivo?



-Aniquilar as ovelhas

limpinhas brancas

moralistas e carinhas de santa



-Bééé



-Béé



-Meu objetivo é

destruir o indivíduo

Porque só o indivíduo

tém a opção

de escolher entre a salvação

e a danação

Mas eu,não!

Eu, não!



-Senhor, por favor,

deixem- nos ir

O que seriam duas

ovelhas estranhas

entre seu rebanho

de grande tamanho?



-Está bem, vou fazer

uma concessão

Podeis ir

mas com uma condição

Deixem-me toda lã

e....

o título de eleitor

como boas cidadãs



-Meu pastor,

quero dizer Satã,

a lã tudo bem,

mas ...o título de eleitor?



-Pois o título de eleitor eu não barganho

Tudo na vida tém um preço

Ainda não sabeis disto

ovelhas de meu rebanho?



-E se houver recusa

sr Tição?



-Neste caso, ireis

parar no caldeirão



E as ovelhinhas selaram o pacto

Friorentas e tosquiadas

correram livres para as colinas

onde seriam felizes



Muito tempo depois o diabo

constatou a traição

O título de eleitor

estava adulterado

sem nenhum valor



"Então ousaram passar a perna

no Princípe das trevas-

Senhor da Maldição eterna?"



Foi um corvo que por ali passava

que respondeu :

"Foste tão bom professor

que elas aprenderam rápido a lição,

meu bom pastor

POIS É, SENHOR, DANOU"

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