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Poesias-->pol- 139 -- 24/12/2010 - 23:27 (maria da graça ferraz) |
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País de ferro e de granito
Antro de dor
Festim da miséria
e da calamidade
País assombrado
por revoada de fantasmas
e de arlequins escarlates
Na mão do ditador
há sempre um osso
À sua volta,
um bando de bajuladores-
cãezinhos domésticos,
curto pescoço,
rabo comprido,
doentio faro,
que disputam entre si
um pequeno afago
Na mão do ditador
há grão de milho
que atira no chão
À sua volta,
meios homens,
asinha sem função,
galinhas poedeiras,
cacarejantes, ciscam
e limpam os terreiros
Na mão do ditador
há alfafa
À sua volta,
cavalgaduras que trotam,
raspando os cascos
Às vezes, uma lisonja,
e o ditador acaricia-lhes
o lombo e a crina,
e como resposta :
elevam as patas e relincham!
Na mão do ditador
há controle remoto
À sua volta
parasitas e sonâmbulos-
os piores de todos os escravos,
de todos, os mais indignos,
realizam o dever diário
de adulos e mimos
na servidão voluntária
que une a vítima
ao próprio carrasco
Na mão do ditador
há lágrimas
com que dá de beber
ao seu povo
e sangue
com que tinge as bandeiras,
as estrelas
e os rostos humilhados
Na mão do ditador
cabe muita gente
todos os jornalistas
todos os juízes
todos os generais
todo este mundo triste
menos o poeta
porque o verdadeiro poeta
é livre- LIVRE!
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