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Poesias-->pl 138 -- 24/12/2010 - 23:26 (maria da graça ferraz) |
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Ele tinha o cabelo tingido
de preto azulado
e tão brilhante
como a crina de um cavalo
E sua pele era macia,
escanhoada, bem tratada
Tão lisinha que qualquer coisa
que se atirasse sobre ela,
caía, derrapava
Era uma pele
que aprendera
a se livrar das marcas
e a fugir de todo o passado
Vestia-se com simplicidade
presunçosa :
como um presente
preparado com papel barato de embrulho
mas cujo laçinho
era de ouro puro
Os olhos eram pequenos, miúdos-
olhinhos de morcego,
acostumados ao escuro
e ao vôo cego
Mas o mais impressionante
era seu sorriso
Um sorriso plástico
Congelado. Pregado.
Cujos dentes artificiais
eram de resina cara, material importado,
força do uranio,brilho de prata
E era cada dentão!
Dentão em forma de ogiva,
de trépano, de broca,de pilão,
de chave de fenda, de pé de cabra
Indestrutíveis!
Dente que nunca se acaba!
Que roíam arvore, queijo, criança
E arrombavam cofres
E desvatavam cidades
E destruíam todas as palavras
" Mãe, porque "nosso Salvador"
não consegue fechar a boca?"-
perguntava a garota
em meio ao povo
" Estás louca?
Ele que te paga estudos
Peça já desculpas
Ah, se alguém te escuta"
reagia a mãe-
vigilante
cabeça de coruja
E o sorriso ali grudava
como algo esticado ao máximo
rompido o elástico
Quase tetânico
Neurológico
Algo que exigiria perícia
em bom laboratório
ou em tribunal de ... justiça
Sorriso assim
só saía
raspado com faca
ou com paulada bem dada
no meio da cara
Mas era um sorriso
ou ele queria
`morder"?
E quando o político passava-
o cão infernal,
só por precaução,
só por precaução,
o povo protegia o pescoço-
a área mortal,
e alguns também ... os bolsos
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