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Poesias-->medico 313 -- 24/12/2010 - 23:03 (maria da graça ferraz) |
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Eu vejo o paciente
sentado à minha frente
Penso...
O que eu tenho
para lhe dar, homem?
O que?
Téns a mesma minha tosse
que substitui a falta de palavras-
o engasgo, algo preso
que se espreme
Téns o mesmo meu olhar
perdido e longo
que procura uma imagem absoluta
para morrer dentro dela
Téns os mesmos meus gestos curtos
de quem sabe
que se abrir muito os braços
desprotege-se e fere-se
Téns as mesmas minhas insonias
O mesmo meu azedo na boca
As mesmas minhas cãimbras
ânsias danças
A mesma minha crise
de ser apenas humana
e acordar- acordar
no meio de um mundo insano
O que eu tenho
para lhe dar, homem?
O que?
Tudo que a Ciencia Médica
lhe oferece é a AMNÉSIA
A ANESTESIA- A FUGA
Tome destes comprimidos
e DURMA
Tudo que minha Ciencia
lhe oferece é apenas isto:
Um suicídio breve
A sedação colorida
Mas eu lhe dou a compreensão
Quando te olho profundamente-
amiga, cúmplice, e digo
"Não estás sós"
E uma corda imaginária nos une
a tocar o princípio de tudo
E eu nos curo
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