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Poesias-->2610 -- 05/06/2010 - 22:28 (maria da graça ferraz) |
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Tão selvagem. Tão inocente.
Que dava MEDO!
Era assim o homem
que todo o dia,
vinha ao Pronto-atendimento
" És assim tão doente?"
- Não- ele explicava
com voz de desculpa-
Mas todo mundo
tém que esperar
alguma coisa nesta vida
" E...?"
- Eu espero a hora
da minha consulta
Desfigurado. Abatido.
Filho da prole prematura
de uma mãe jovem e bandida
que morrera de culpa
O que esperar da vida?
Ele perdera tudo
Não tinha casa. Nem família.
Sequer um pequeno luto
para chorar
ou uma alegria
para se regozijar
Nada mais ele esperava da vida
Nada!
Exceto a hora da consulta
Ele ouviria então seu nome
e se levantaria com orgulho
Era tão bonito ouvir
" JOÃO GERALDO NASCIMENTO"
pela voz do alto-falante
As vezes, para se sentir
mais importante,
ele não respondia de imediato,
só para ouvir novamente
seu nome ser falado-
desta vez em tom urgente
E seu nome ecoava nas pilastras,
atravessava vidraças e paredes,
batia em cada coração
que por ali passava,
e subia como um balão
para um espaço acima
de qualquer mão
Só então ele caminhava,
entre a multidão,
com passos lentos
e um sorriso
de agradecimento
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