A Reunião
Por Vera Linden
O Morro Perdido de nome mudou
Quando a Dama chegou
Colocou as asas douradas
Convocou suas aves amadas
E mais os Sapos, Peixes e Jacarés
Que a olharam através dos aguapés.
A hora havia chegado
O Momento sagrado
Em que os animais
Seres puros e essenciais
Fariam suas vozes serem ouvidas:
A defenderem suas ideias,suas vidas
Disse o Crocodilo indignado
Por que meu choro é ignorado ?
E, assim, um por um,
Sem faltar nenhum
Ocuparam a tribuna
Daquela organizada comuna
- Que coisa mais estranha,
Reclamou a Piranha
-Por que chamar a moça da esquina
A pobre da triste sina,
com meu nome ? Vá entender!!??
Estes humanos, são de doer!
Seguia em ordem a grande reunião
No Morro da Salvação
Sem nenhum medo,
Não havia nenhum segredo
Só a mais triunfal harmonia
Isto tudo parece até fantasia.
Como os bichos são organizados,
Calmos e civilizados.!
Observou a Dama admirada.
Seria tudo obra de uma poção encantada?
Que se compõe, ora vejam,
Do impossível que pessoas desejam:
Suor de sogra boa e sincera,
Uma folhinha avermelhada de aloe-vera
Suspiros de um político honesto
A compaixão feita num gesto
Uma lágima de alegria
caída à revelia
dos olhos de uma virgem,
pela grande coragem,
daquele rapagão
de sincero coração.
O seu inestimável amado,
Seu doce namorado.
-Bem, qual poção coisa nenhuma !
São as pessoas, uma por uma,
que esqueceram de valorizar
e há muito de cultivar
os verdadeiros e nobres sentimentos.
e elevam os seus pensamentos,
muito mais para as mesquinharias,
do que para as puras alegrias.
Filosofou o Sapo Tomé,
com atitude e segurando o seu boné.
A Dama se encantava
E da bicharada cada vez mais, ela gostava.
Um belo Cisne se adiantou
e corajoso se pronunciou:
- Não sou de fazer cenas,
mas pobre de minhas penas,
são vitimas desta terrível poluição,
isto sufoca até o meu pulmão!
Tanto óleo queimado e fedorento
e este cheiro terrível e pestilento!
Reclamou indignada Dona Garça.
Não há quem a nossa salvação faça ?
A Dama se sentiu convocada,
chegara a sua hora predestinada..
Retirou dos olhos a venda
e falou para quem a entenda:
- Já me deram nomes de deusas
e tantos vivem a minhas expensas,
me chamam de Justiça, a mãe de todas Leis.
Homens, seres humanos, o que quereis ?
Corrompidos pela ambição desmedida,
o que tornais, o que fazeis desta vida ?
Prefiro ouvir os animais
Do que vossos argumentos banais!
Com descaso, com hipócrita propaganda
destruístes de banda em banda,
a beleza da Terra,
como uma maldita fera.
Quem são os irracionais ?
Vós ou estes pobres animais ?
A Sra. Justiça, tão digna Dama
quando discursa se inflama.
Mas, leitores, bem sabeis,
São os homens que criam as Leis.
Cá ente nós, prefiro de coração
assistir aos animais, em sua reunião.
Verão de 2010 - fevereiro
São Léo -RS
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