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Poesias-->2470 -- 27/12/2009 - 19:39 (maria da graça ferraz) |
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Poema 2470
Mdagraça Ferraz
gracias a la vida
A camisa do velho
Ela sobreviveu à seda
ao linho à malha sintética
Resistiu à sovadura
aos trancos às pilhérias
à roda do destino
Ela lutou contra todas as vitrines
Venceu os figurinos e a lei da moda
Ganhou o respeito que se conferem às togas dos juízes
às becas dos médicos
ao fato dos grandes reis
Simples e limpa
Barra puída pelo uso
No tecido, pequenos furos,
cerzidos,
como cicatrizes
A dor flagrada
no bolso
A miséria. O amor doméstico.
Singelo. Vívido.
O pedaço de terra desbotado
em que fez o plantio
A família. O crucifixo.
O bando de filhos,
tantos, cujo nome,
o velho , as vezes, esquecia
A camisa do velho
O trapo em que se cobria
Boa. Digna. Bom trapo.
Refrigerava e aquecia
Saber implícito
O colarinho lavado
esfregado com sabão
caseiro- sabão feito em casa,
gordura , álcool e erva do mato
Branquinho!
Como a névoa que sobe
pelas manhãs de chuva fina
A camisa do velho
cujo sonho
era a goma
Ganhar a planura
amaciar o vergão
o susto e milhares de sulcos
e crescer túrgida
como as úberes
os falus dos rapazes
as flores ,as mãos em súplica,
as almas leves
A camisa do velho
Pano que se rompia
aos poucos
Liberta do sobretudo
e da gravata
De todas as amarras
Das conveniências
A camisa do velho,
dizem, pulsava
no escuro,
como um segredo
quardado
do outro lado da luz
obrigada por teres me lido
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