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Poesias-->O CANTO DA ALDEIA INCENDIADA -- 17/06/2009 - 15:32 (Eloi Firmino de Melo) |
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O CANTO DA ALDEIA
INCENDIADA
Para Raimundo Carrero
Releio a página escrita
Pelo sol:
O livro aberto
De graveto e cacto;
Residuais de cinzas
E de pó
E o boi ronceiro
Ruminando o pasto.
Além, nalgum lugar,
O passarinho
Emite o augúrio
De animal ferido;
Último lamento
De escondida mágoa
Dentro do mato
Ao se fazer proscrito.
Dura estação de
Indesejável hóspede
Na temporada que
Não tem tamanho;
Maltrata os campos
E o sonho onde habita
A semente centenária:
A esperança.
Quem vive as dimensões
Do território,
As léguas sabe
De abundantes farpas,
Os pés descalços,
Moídos, flagelados,
Pelas veredas
De cascalhos fartas.
Colhendo o céu
Em gesto silencioso,
O ator principal
Esconde a voz;
Enquanto a metafísica
Oculta inquire
Razão desse teatro
Em palco inóspito.
Perto dali cansada
A Eva serrana
A interpretar
As cenas dessa peça,
Com seus frutos do amor
Acompanhada
E outro no ventre
Em forma de promessa.
E do horizonte
Nasce cristalino
O caldeirão de chamas
Causticantes;
Imagem recorrente,
Repetida,
Quase o cenário
Que descreveu Dante.
Virada página seja!
Deus tomara!
Deste livro que ferve
E queima as mãos!
Rudimentos de pedras
Ecascalhos
Fincados na memória
Desses campos.
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