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Poesias-->2524 -- 12/04/2009 - 20:36 (maria da graça ferraz) |
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O hospital à noite
Inumano
Branco
Como uma mármore encerada
E seus seres escuros
acordados :
Os loucos
Os embriagados
Os excluídos
de todas as ruas
com seus uivos
Diante de mim, esta noite,
o "casal" banhado em sangue
divide a mesma maca
Corte múltiplo de faca
pelo corpo
Ambos misturados
como um quebra-cabeça
O cabelo longo caído sobre o rosto
tapava um olho
O sexo duplo depilado
A glândula em desuso
multi-partida
no saco adormecida
como duas ameixas
Os fortes músculos
desfeitos
As unhas compridas
cor de cereja
E o pomo de adão
na laringe tremia
quando disse seu nome- JOÃO!
E o único olho pintado
de azul e de carmim
posto em mim
multiplicado
em feminino macho
rolava
como um facho estrábico
Indefinida é a noite hoje!
Há luta!
O lampíão
do pátio do hospital,
como uma barca insone,
brilha, vence a lua,
com seu velame de silicone
Hoje, nenhuma menina menstrua!
obrigada por teres me lido
Eu escrevi isto porque atendi um travesti esfaqueado
Encontrei-o nu na maca do posto
Confesso que vi muita coisa nesta vida, mas esta visão atordoante me marcou muito
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