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Poesias-->2465 -- 12/04/2009 - 19:54 (maria da graça ferraz) |
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Queria que este poema
emergisse do meio do povo
indefeso, valente, triste,
como uma gema preciosa
que, de geração a geração,
de séculos a séculos,
passa, despossuída, de mão a mão,
de ventre a ventre, de corpo a corpo
Queria que este poema
nascesse no meio da rua,
próximo aos detritos, à fuligem,
aos corações que batem em tudo,
e nada ousam ou fingem,
mas ao desamor, sobrevivem
Queria que este poema
chamasse os pássaros
reúnisse os filhos
abastecesse as dispensas
e se estabelecesse, como uma lei,
uma espada, uma pedra
à cada porta e janela
Que ele trouxesse
o ar do primeiro amor-
misto de curiosidade,
júbilo e espanto,
daquele que se descobre pequeno e cego
diante do grande mistério,
e a ele, ainda assim, se entrega,
porque não sabe a recusa,
a dor,a luta, a morte
Que ele tivesse
gosto de espuma
Um tom. Uma matiz.Um gozo.
Um aroma bom. Uma luz. Um início de tudo!
Que fosse puro
Assombrado!
Puro!
Como o adulo dos ventos
à flor mais solitária
Como uma nuvem
na noite escura
Queria que este poema
fosse maior que eu
E não precisasse...nada querer
Que tivesse o poder
de colocar um palito de fósforos
em pé , e com ele,
construir uma ponte
E que este poema se sentasse
no lugar vago
que cada homem traz ao seu lado
mas esconde
obrigada por teres me lido
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