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 | Poesias-->A FACE OCULTA DO PODER -- 13/03/2009 - 17:05 (Tarcísio José Fernandes Lopes) |  |  |  |  |  |
 | A FACE OCULTA DO PODER 
 
 
 I
 
 Aos meus pés se curva o mundo
 
 Ao buscar valores meus.
 
 Tenho a força dum Sansão
 
 E o poder dum grande Zeus.
 
 Para o pobre de espírito,
 
 Eu me vejo como um Deus.
 
 II
 
 Aliei-me aos fariseus
 
 E ao meu valor fiz jus,
 
 Quando Judas, traidor,
 
 Fez comércio de Jesus.
 
 Por mim, Cristo foi trocado
 
 E pregado numa cruz.
 
 III
 
 De tal modo me impus
 
 Que gerei a corrupção.
 
 Perverti a consciência
 
 De um falso cidadão.
 
 Quem se curva ao meu poder
 
 Perde o rumo da razão.
 
 IV
 
 Sou o alvo do ladrão
 
 E o sol da burguesia.
 
 Estou no capitalismo
 
 Que a mim privilegia.
 
 Sou a chama dum sistema
 
 Que se chama economia.
 
 V
 
 Falsifico alegria
 
 E também felicidade.
 
 Faço gente exaltar-se,
 
 Esquecendo a humildade.
 
 Em meu meio circulante,
 
 Sou mentira ou sou verdade.
 
 VI
 
 Tenho certa autoridade
 
 E sou muito influente.
 
 No Brasil, fiz um menor
 
 Ser um Príncipe Regente.
 
 Quem me usa sem controle
 
 Finda sendo prepotente.
 
 VII
 
 Também sou irreverente,
 
 Estou sempre com razão.
 
 Sou a força dum contrato
 
 Quando há negociação.
 
 Não conheço a miséria
 
 Nem tampouco a precisão.
 
 VIII
 
 Sou a grande solução
 
 Dum problema financeiro.
 
 Quem tem conta pra pagar
 
 Tem que vir a mim primeiro.
 
 Sou moeda de agiota
 
 Ou então de um banqueiro.
 
 IX
 
 Por estar no mundo inteiro,
 
 Muitas são minhas versões.
 
 Muitas vezes, eu me sinto
 
 O pivô das atenções,
 
 Esperança da pobreza
 
 E suporte dos barões.
 
 X
 
 Financio os canhões,
 
 Desvirtuo a lei canônica.
 
 Faço obra manual
 
 Dar lugar à eletrônica.
 
 Fiz na Era Espacial
 
 Voar nave supersônica.
 
 XI
 
 Abri a Transamazônica,
 
 Construí Itaipu,
 
 Fiz a Rio-Niterói,
 
 Fértil o Vale do Xingu.
 
 Dessa forma, alguns políticos
 
 Ficam ricos pra chuchu!
 
 XII
 
 No Brasil, lá pelo Sul,
 
 Tenho estado mais freqüente.
 
 É difícil alguém me achar
 
 Onde há povo carente,
 
 Mas me acha abundante
 
 Onde o rico está presente.
 
 XIII
 
 Eu também estou presente
 
 Na bagagem dum turista.
 
 Sou produto do cachê
 
 Que se paga a um artista.
 
 Dou suporte a um evento
 
 Que alguém nele invista.
 
 XIV
 
 Num país capitalista,
 
 Sou o hino e a bandeira,
 
 A justiça, a lei, a força,
 
 Uma solução caseira
 
 E a luz ao fim do túnel
 
 Da ciranda financeira.
 
 XV
 
 Guardam-me numa carteira,
 
 Bolso, cofre ou poupança.
 
 Sou o "fruto do suor"
 
 Ou a sorte duma herança.
 
 Para uns sou desespero;
 
 Para outros, esperança.
 
 XVI
 
 Dei origem à cobrança,
 
 Ao "à vista", ao fiado,
 
 Compra, venda, pagamento,
 
 Debitado e creditado,
 
 Cofre, banco, investimento,
 
 Conta, saldo e resultado.
 
 XVII
 
 Compro o que é pesado,
 
 Comparado ou medido;
 
 O redondo, o quadrado,
 
 O pequeno, o comprido;
 
 Compro todo objeto
 
 Que houver pra ser vendido.
 
 XVIII
 
 Faço, às vezes, corrompido
 
 O desfecho dum processo.
 
 Sou a arma dum político
 
 Em campanha ao Congresso.
 
 Sou resgate dum refém
 
 E a força do progresso.
 
 XIX
 
 Alimento o sucesso,
 
 Vejo-me por trás da fama
 
 E me sinto a mola mestra
 
 No projeto dum programa.
 
 Levo gente ao pedestal
 
 Ou então a um mar de lama.
 
 XX
 
 Quando falto, alguém reclama;
 
 O governo desemprega;
 
 O sistema se ressente;
 
 O comércio não emprega.
 
 Sem mim, pobre passa fome;
 
 Sem mim, rico desagrega.
 
 XXI
 
 Minha própria história prega
 
 O que fui em meu passado:
 
 Como escambo e como troca,
 
 Dei início ao mercado.
 
 Fui tostão, conto e pataca,
 
 Fui cruzeiro e fui cruzado.
 
 XXII
 
 Também fui novo cruzado
 
 E voltei a ser cruzeiro.
 
 Sou agora o real
 
 Do sistema brasileiro
 
 Que, nas grandes transações,
 
 Faz o dólar meu parceiro.
 
 XXIII
 
 Desde meu verso primeiro,
 
 Eu mostrei meu arsenal.
 
 Quis falar sobre quem sou,
 
 Consegui meu ideal?
 
 Isso aí, sou o dinheiro
 
 – A moeda mundial.
 
 XXIV
 
 Tenho todo esse “arsenal”,
 
 Mas cheguei à conclusão:
 
 Não consigo corromper
 
 Um honesto cidadão
 
 E nem compro a Deus do céu
 
 O poder da salvação.
 
 
 
 - Fim -
 
 
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