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 | Poesias-->SILÊNCIOS DE VIDA -- 11/05/2008 - 14:05 (João Ferreira) |  |  |  |  |  |
 | SILÊNCIOS DE VIDA 
 
 
 Jan Muá
 
 11 de maio de 2008
 
 
 
 É claro que a vida me faz sentir
 
 E pensar bem acima do sistema cartesiano
 
 Além de sentir, pensar e existir
 
 Levantam-se na minha tenda
 
 Ferozes silêncios fechados e metafísicos
 
 Drasticamente definidos no horizonte
 
 
 
 Avanço para eles com minhas perguntas existenciais
 
 Que porém não geram respostas
 
 E se transformam em vazios de abissal densidade
 
 
 
 São silêncios
 
 Que caem pesados nos espaços do meu sentir
 
 Com as garras de sua verdade de tirania
 
 Silêncios gerados pelo vazio
 
 Pelo não explícito
 
 Pela não-comunicação
 
 Pela falta de sinais de gestos e de palavras
 
 Pela ausência de noção de tempo e de lugar
 
 Silêncios que tiranizam a vida
 
 De maneira impiedosa
 
 
 
 Estou me sentindo vivo neles
 
 Não obstante o fugaz conforto da poesia de Quintana
 
 Que me trouxe momentos bons de horizontes macios
 
 
 
 Horizontes apenas poéticos
 
 A que falta uma palavra de tempo real
 
 
 
 O peso agora são estes silêncios
 
 Que ameaçam corroer as velhas certezas
 
 Que mantinham a alegria e a comunhão
 
 É só porque falta aqui uma alma
 
 Representada pela palavra viva
 
 
 
 São silêncios desprovidos de comunicação
 
 Conturbados pelos relatos da mídia
 
 Que terminam por me dar a consciência
 
 De que nesta guerra onde as batalhas de campo são reais
 
 Há também diversões
 
 Para os soldados se entregarem aos seus divertimentos
 
 Com loucura e intensidade
 
 Há festejos e eventos
 
 Há amores e celebrações ruidosas
 
 Em momentos que relegam para terceiro plano
 
 A infelicidade das vítimas da guerra e dos bombardeios
 
 
 
 Há quase uma lógica fria em tudo isto
 
 Mas minha alma não está no Iraque
 
 Nem na nação curda
 
 Apenas sente esta devastação da guerra com seus próprios delírios
 
 Como se estivesse em Nabirya
 
 No Oriente Médio.
 
 
 
 É por isso que estes silêncios de vida
 
 Me apertam o cerco
 
 E tentam me corroer
 
 Apesar de tentar segurá-los com dificuldade.
 
 
 
 
 
 Jan Muá
 
 11 de maio de 2008
 
 
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