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Poesias-->1153 -- 04/05/2008 - 17:31 (maria da graça ferraz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


1153

poema

mdagraça ferraz

gracias a la vida



Deixo-te

todas as imagens inofensivas

que recolhi na vida

como, por exemplo, as sombrancelhas

das bonecas de porcelana



Já reparaste nas sombrancelhas

das bonecas de porcelana?



São finas e longas,

em arco, como a voz do coração

no eletrocardiograma



Elas são tão irreais

quanto olhos mínimos

de vidro artificiais

Olhos que poderiam

ser os teus

quando em desespero,

insones,

vazio de amor,

com medo,

escreves no pensamento

" Deus, não me abandone"

e algo, sem que o saibas,

te ouve



Deixo-te

tudo que é triunfo

sobre o mundo de tristeza

do controle do automatismo

das cidades pretas



Deixo-te

Deixo-te

Toma, é teu!

Este meu amor é também teu!



A bondade

da esponja tépida

do vento

a secar uma lágrima

minúscula

e dar-lhe um piedoso fim

A leveza

da bolha de leite solitária

que sobe à superfície

nas mesas cor de marfim

A suavidade

do balançar dos cílios

no rosto que diz SIM

Imagens...

Como a de um deus

em miniatura

cavalgando sobre o dorso

de uma joaninha,

marchando à frente

de um exército de flores



Deixo-te idéias fáceis

imperecíveis protegidas

das mãos vorazes

Deixo-te

coisas milionárias





Toma

Este meu amor, é agora teu!

Tornei-te mais rico, agora!



Deixo-te

Um futuro

Uma alternativa

Uma mina

Uma loucura

Todas as manhãs

em que despertei

dentro de um sonho



Deixo-te

a invenção da minha CURA



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