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Poesias-->a porta -- 04/11/2007 - 19:00 (maria da graça ferraz) |
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A porta de casa
era, em si mesma, um espaço
Pesada, larga,
com teias de aranha,
minúsculas, ao alto,
que se recompunham
com velocidade maior
que qualquer vassoura
A maçaneta esférica
era de ferro e resplandecia
ígnea loura os mistérios
Não havia fechadura
nem tranca nem tramelas
A porta era cega e muda
ilesa à fúria de qualquer chave
ainda que minúscula
E quem ali chegava
logo se perguntava
onde ficava a porta desta porta
Sobre a madeira velha
mistura de cedro, pinheiro,
carvalho, tuia, seixos,
os golpes de machados
tratados com limo
regeneravam a seiva
as vagens os ninhos
A porta de casa
Sempre a atravesso
sobre as jangadas
voadoras de versos
E, ao alto,
percebo, que não há paredes,
nem quartos, nem mobiliário,
apenas uma porta
Diante dela,
a solitária gente violenta,
presa ao tempo,
balançando os vermelhos,
e a porta inalterável
em seu eterno movimento indiferente
a entretê-los,
no vaivém, asas de vento
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