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Poesias-->A ALMA DO ESCULTOR -- 19/10/2007 - 21:37 (Rosimeire Leal da Motta) |
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Demorou muitos anos para concluir sua obra.
Não sabia ao certo como seria sua criação.
Cada dia que contemplava aquele monte de ferro
suas mãos lhes davam uma nova forma.
Ninguém entendia sua inspiração.
Parecia uma criatura com os braços abertos,
talvez em desespero, talvez em renúncia...
Torceu um pouco mais a montagem
dando a impressão
que a escultura se ajoelharia a qualquer momento.
Seu ateliê ficava nos fundos de uma galeria de arte.
A cada dia um curioso ia ver o andamento da obra.
A eles lhes pareciam incrível que de um dia para o outro,
a escultura sofresse uma transformação surpreendente!
Parecia uma outra obra.
O que ninguém sabia,
é que o artista tentava modelar sua alma,
criou uma coisa assustadoramente feia e deprimente.
Mas atraía admiradores.
Havia quem se identificasse com aquele monte de ferro!
A escultura estava agora com os olhos esbugalhados,
seus braços e pernas estavam transfigurados e sem vida.
Uma escultura morta.
Esta era sua forma definitiva!
O autor desapareceu.
Ninguém soube do seu suicídio!
Sua alma ficou na galeria, na escultura.
Seu corpo, desapareceu na terra.
© Rosimeire Leal da Motta.
OBS.: Esta poesia faz parte do livro:
"Voz da Alma" – Autora: Rosimeire Leal da Motta
Editora CBJE - RJ - Novembro/ 2005 - Poesia e Prosa.
Página Pessoal: http://br.geocities.com/rosimeire_lm/
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