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Poesias-->GAROTO MAROTO -- 15/09/2007 - 21:11 (Benedito Generoso da Costa) |
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GAROTO MAROTO
Quando eu era só um garoto
Que da vida apenas espera
A liberdade pra ser maroto,
Jogava bola e ping pong,
Mas também ouvia Beatos
E os Rolling Stones,
Escutava uma canção que dizia
Que na fantasia
Falava também o mudo,
Só que nada falava de estudo
E aquilo para mim era tudo.
Eu que vivia só para mim,
Ouvia uma canção assim:
Era um garoto
Que amava o Beatos
E os Rolling Stones,
O resto eu esqueci
Porque não aprendi,
Mas vou fazer minha versão
Daquele tempo de diversão,
Contando só o que ouvi.
Era um garoto,
Que amava os Beatos
E os Rolling Stones,
Sua guitarra sempre tocava
E o belo som assim retumbava
Numa cabeça jovem,
Que sempre vazia estava
Porque ia à escola,
Levando sua sacola,
Porém nunca estudava.
Sua guitarra soava:
Tra lalá lá lá lá, tô lá,
To lá e tô cá,
Por isso volto a tocar
Minha guitarra
Que no calor da farra
Só sabe falar:
Tra lalá lá lá lá, tô lá,
Para lá vou e torno a voltar.
Isso porém não pegou
E uma carta inesperada
Um dia em sua casa chegou
E foi parar nas mãos
De sua mãe amada,
Que a leu e chorou
Tristemente e desolada,
Ansiosa e desesperada,
Ao filho amado entregou,
Sabendo que era o fim
Do filho que tanto amou.
Entregou-lhe o papel
E um beijo também deu,
De retorno recebeu
O beijo que nunca negou
Áquele seu filho amado,
Que chegava embriagado
O filho único seu,
Abraçando-o chorou
Tristonha e desesperada,
Foi para o quarto e rezou.
A carta o jovem não leu,
Deixou sobre o criado-mudo,
Que sabe tudo e nada lhe falou.;
Deixou o jovem dormir,
Mas em alta madruga
Quando ele acordou
Para tomar água da jarra,
Mal se lembrando da farra
E minimizar a ressaca,
Lembrando a mina velhaca,
O envelope rasgou.
Leu a carta e chorou
Porque sabia que mamãe
Sem a ter lido sabia
O que a carta dizia...
Fora o filho convocado
Para lutar noutro estado,
De lá não mais voltaria.;
Sua Pátria não o espera,
Prefere que morto seja
Sangrando numa peleja
Em prol do poder que envia
Filho da mãe que sofria
Pela guerra que estorou.
Esse seu filho era-lhe tudo,
Cabelos longos e barbudo,
Mas amava todo mundo
Querido pelos amigos
Preferido das meninas,
Seus olhos, como que duas minas,
Jorrou águas e muitas mágoas,
Ensopando o seu lenço,
E ele dizia: Eu sempre venço,
Só que agora penso
Que vou matar inimigos,
Que nem sequer tive como amigos.
Posso lhes dizer que
Só que agora, estendido
No sofá-cama, semi-adormecido
Esqueci de toda a farra,
Meus olhos são duas minas
Águas pelo rosto escorre,
Meu coração ainda recorre
À guitarra minha amiga,
Tocando mais uma vez
A canção que tanto feliz me fez:
Tra lalá lá lá lá, tô lá,
Vou para lá, depois volto para cá.
Noutro dia com requinte,
Apresentou-se ao quartel
Para cumprir seu papel
De cidadão da América,
Porquanto a noite se foi,
Era já o dia seguinte,
Sentou-se numa cadeira
Cortaram-lhe a cabeleira,
De sua barbicha zombaram,
Alguns fios arrancaram,
Perguntando: O que é isto?
Se acha que é Jesus Cristo
Aqui não tem Madalena.
Faça então uma bela cena,
Tome lá a cruz primeira,
A sua metralhadora,
Que vai ser a matadora
De anciãos até crianças,
Para salvar nossa Terra,
O recurso é a guerra,
Não há quaisquer esperanças,
Além de bombas e mísseis,
Que temos em nossas mãos
Para matar pai, mãe e irmãos.
Chegou agora sua vez,
Orgulhe-se muito disto,
Os seus cabelos compridos
E Barbas de Jesus cristo,
Não valerão nada ali,
No quartel do general
Para combater o mal
No mundo inteiro e aqui.;
Esqueça sua guitarra,
Cantiga é para cigarra,
Na luta seja um saci,
Faça da guerra uma farra,
Diga depois: Eu venciiiiiiiiiiiii
Cabelos curtos, sem barbas agora,
Embarcou porque chegou sua hora,
A primeira da manhã,
Em que emprestou as asas
Do avião que voa sobre os mares,
Deixando atrás pesares
Para os que ficam nas casas
Tendo na alma o coração,
Queimando em ardentes brasas.
Se assim foi no Vietnã,
No Iraque não é diferente,
Mães que choram os filhos ausentes,
Que ao lar jamais voltarão,
Pais e irmãos também chorarão
Por que não mais ouvem
O som da guitarra,
Apenas a voz da cigarra
No calor, durante o verão,
Pois agora tem entre os braços,
O guitarrista querido,
Uma metralhadora que assim soa:
Ta tará tatá, tá tará tatá,
E apesar disso, a vida é boa.
Enforcado, foi-se o Sadan,
Mas enquanto houver um Bush,
Voltarão outros Sadans
E os Rolling Stones
Ainda terão seus fãs,
Os professores letrados
E os pequenos abandonados,
Mendigando pelas ruas,
As meninas semi-nuas...
Mas a luta continua,
Até o dia de amanhã,
Pois corpo são e mente sã,
Minha esperança é a sua.
BENEDITO GENEROSO DA COSTA
benegcosta@yahoo.com.br
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