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| Poesias-->fragmento solidão -- 09/07/2007 - 19:40 (maria da graça ferraz) |
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1
A solidão
das filas
dos supermercados
dos bancos
dos campos de concentração
A solidão
das linhas
que nunca se misturam
cujo destino
é o carretel
ou a forca
Quiça, uma pipa
tremendo no céu
2
A solidão
dos copos de cachaça lavados,
virados para baixo,
nas manhãs
A solidão
dos ocos famintos,
dos becos, das grutas,
da mulher à esquina
3
A solidão
dos que passam nas ruas
Às vezes, um esbarrão
abre uma tangente
A carne dormente
ao sentir outra carne,
reage
na solidão ínfima
dos pêlos com frio
4
A solidão:
milhares de bolas
que rolam
no meu peito
sem encontrar repouso
ou colisão
5
As duas paredes
se encontraram
no escuro
Agora são muro
A solidão
quando se cura,
reparte-se
em duas
6
A solidão
das bandeiras
levantadas pelos punhos
fortes das multidões
desesperadas
A solidão
do símbolo...da idéia
imaculada
A solidão da bandeira,
caída no chão,
asas fechadas
7
Porque tudo
é esparso...distante
Gotas de chuva
na vidraça
Sementes .Palavras
Tudo procura
o mesmo ponto-
" um alvo"
Talvez
uma mão aberta
Quem sabe,
apenas um olho
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