AUSÊNCIA DO ESSENCIAL
Por Vera Linden
Nada mais poderia
Ser feito.
A menina jazia
Em seu leito.
No sinal já não vende
Suas balinhas.
A avenida se estende,
Repleta de criancinhas.
O gordo e feio senador,
Coloca em malas,
O soldo do corruptor.
Soldado não tem falas.
Menos ainda ouvidos.
O hospital foi fechado.
Para não se ouvir os gemidos.
Do enfermo abandonado.
O soldado serve ao covarde.
Ambos são ladrões.
Já se faz tarde.
Canalhas, indignos, intrujões.
Os dois são pagos para defender
Os interesses de um povo sofrido.
E,estão a se vender.
Esqueceram o excluído.
Na rua os bandidos atacam,
Não importa, que seja rico ou pobre.
Eles se atracam.
Não há quem cobre!!??
Não há segredo.
O dinheiro sempre fica com o canalha.
Quem manda é o medo.
E a justiça tardia e falha,
Tem leis feitas por poltrões,
Quem tem dinheiro livra-se, paga.
Soltam-se ou nem prendem os ladrões.
Entenda-se esta saga.
Ah!Escondo de mim
E de você esta cruel verdade ?
Ou ignoro tudo e fim ?
Como viver, sem perder a sanidade ?
A dor de se sentir inerme. De apenas consolar
e não poder concretizar, corrigir.
E tanto dinheiro vai para mãos erradas e
corruptas, diariamente.
"...Com palavras soberbas,o arrogante/Despreza
o fraco moço mal vestido."
(LUÍS DE CAMÕES, OS LUSÍADAS,III, 111)
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