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Poesias-->poema branco 1 -- 30/06/2007 - 22:22 (maria da graça ferraz) |
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Tu sabes que se houvesse amor
nas mínimas coisas
O aceno de despedida seria doce
como doce seriam todos os doces
que não são tão doces
como gostaríamos que eles fossem
Tu sabes que se houvesse amor
não estaríamos pobres e trêmulos,
feitos de pedra e de palha,
a olhar-nos, um ao outro, sem costura
Tu sabes que se houvesse amor,
mesmo na dor mais profunda,
não haveria queixume, ou gemido,
ou sequer um respiro acre
Tu sabes. Acho que tu sabes...
Que se houvesse amor,
metade destas pessoas,
feitas de plumas dágua, traços,
linhas balouçantes, sem rosto,
não estariam aqui no pronto-socorro
E não haveria motivo
para ao tocá-las, tocar a mim,
tocar a ti, para sentir-nos unidos
á uma tristeza indizível,
maior do que todos
Tu sabes
que bela e mísera
é nossa vida
E se houvesse amor,
amor, amor, ao menos um sopro de amor,
o poeta olharia para este povo
como quem soletra
silenciosamente
uma página com lábios de fogo
Tu sabes
que se houvesse amor
pertenceríamos a tudo,
sem nada nos pertencer
A carne estaria azulecida
como as ondas
que batem às praias
e se abrem
em várias
E nada restringem
Nem sulcam
Muito menos procuram
Tu sabes?
Por favor, finjas que tu sabes!
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