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Poesias-->INVERNO -- 18/01/2001 - 15:44 (Antenor Ferreira Junior) |
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O dia amanheceu ao vento.
Enfim ele veio.
Entristecer as horas.
Acalentar o pensamento.
Chuva fina, a molhar os sonhos.
Trouxe névoa de abandono.
E um frio na alma.
A perturbar o sono.
O dia é silêncio.
Só o gotejar no telhado.
A solfejar pela tarde.
Sentimento de solidão.
Não há sons, nem alarde.
Voa folha morta.
Voa seu vôo perdido.
Vem esmaecer na minha porta.
Feito pássaro ferido.
Vem a noite.
Para se esquecer de mais um dia.
Já não há a chuva.
Só garoa fria.
Fico a olhar para rua.
Só pequenos vultos.
São crianças nuas.
A procurar abrigo.
Gritam insultos.
Para se proteger do perigo.
Meninos! Filhos da miséria e da fome
Correm de um lado a outro.
Barulho.
Alguns sem roupas.
Muitos sem nome.
Todos sem orgulho.
E vão se confundindo na noite escura.
Uns aos outros.
Perdidos numa insana procura.
Da madrugada vem o lamento.
Nossas crianças cruas.
Choram canticos de tormento.
Amanhã não verão o sol no horizonte.
Pois este negro inverno, ainda está noite.
Com certeza haverá de matá-las.
Alí debaixo da ponte.
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