Usina de Letras
Usina de Letras
17 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63256 )
Cartas ( 21350)
Contos (13302)
Cordel (10360)
Crônicas (22579)
Discursos (3249)
Ensaios - (10688)
Erótico (13593)
Frases (51774)
Humor (20180)
Infantil (5606)
Infanto Juvenil (4953)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141317)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1966)
Textos Religiosos/Sermões (6357)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->O POVO ( Mendes Leal ) -- 27/11/2006 - 21:59 (Marcos Ubirajara de Carvalho e Camargo) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


I



Amo o povo, detesto os que o pervertem!



Não o adulo sem fé. Verdades rudes

lhe hei dicto muita vez, e frente a frente.

Não lhe acato servil sómente a força.;

o ingênuo coração lhe não depravo,

nem seu braço possante solicito.



Rei lhe não chamo, porque povo o quero.

As púrpuras do escárneo lhe não lanço

sobre os hombros robustos.; nem, por sceptro,

um sinal de irrisão lhe encosto ao braço.



Grande o desejo, e para ter grandeza,

dou-lhe por molde a virtude austera.;

e amigo, não escravo, a mão lhe estendo

a fim de lhe estancar o pranto acerbo

nas horas da agonia. Quando folga,

folgo com elle. Quando se lamenta,

lamento-lhe o penar, peno a seu lado.

Se acaso fero ameaça e ruge um fúria,

aponto-lhe o evangelho , a paz lhe indico,

e Cristo, mestre seu!



Estimo o povo,

não lhe excito paixões, tampouco exploro

a mina dos seus ódios. Não divido

em parcellas rivaes, fraterno todo.

Não sou tribuno preparando arminhos.

Aos comícios não vou, mentindo à pátria,

suffragios mendigar por vis recursos!



O povo ennobrecer é melhoral-o,

cultivar-lhe os instinctos generosos,

apagar-lhe as invejas e os rancores

que sem remorso as facções lhe inspiram!

Prezal-o é dar-lhe a luz, mostrar-lhe os riscos.



Amo o povo, detesto os que o pervertem!



II



Este povo onde está?

Compõem-no acaso

sómente aqueles que se rojam torpes

no limo das revoltas? que não surgem

senão nos dias das funestas lutas, -

social espuma, equivoca, sem nome,

qual só pode sahir à superfície

quando a procella desentranha ao pego

vagas e vagas que trovejam morte?



Serão esses o povo? esses que o ferro

sem dó, sem pejo, ao coração lhe apontam?

E o lar lhe invadem? E o suor lhe usurpam?

E, num throno breado, lhe alevantam

um simulacro vão? Esses que à praça

os nobres instrumentos do trabalho,

em fogueira voraz, vão consumir-lhe,

trpudiando em redor, - ou recostados

nos braços da indolência, após a orgia,

sonhando orgias novas?



O povo é outro.;

sicários não são povo! É procural-o.

Não heis-de vel-o assoldadado aos Syllas

em secretas phalanges. Heis-de achal-o

no porto, na seara, na officina,

pendido sobre o sulco, pressuroso,

a Pátria enriquecendo, que, num dia,

os horríveis combates fraticidas

estancam novamente!



É este o povo. É este o que alguns ímpios

saúdam por monarcha, e o dilaceram

co’as varas do lictor.; este o que exaltam

quando querem degrau, este o que expremem

depois de ter subido.; este o que expulsam

quando, às portas das salas, atulhadas

d’um séqüito a fulgir, lhes vem faminto

pedir pão e trabalho!



Eis o povo, protexto muitas vezes,

e victima outras muitas!



Pobre povo!

Coitado d’elle – o povo – que se illude,

que illudem tantos, de quem tantos zombam,

jurando, qual de Deus, em vão seu nome!



Ai! povo, quem me dera abrir-te os olhos,

e, bem deante d’elles, pôr-te em alvo

de alguns teus serviçaes as almas nuas!...



Eu amo-te por ti.; amo-te e creio

nos destinos do mundo e do evangelho.

Por isso nem te adulo e nem te exploro.

Adulam-te os que os braços te requestam.;

exploram-te os que vivem da cegueira.



Tenho fé! – povo, povo,

tem fé também. Acorda, acorda um dia, -

não co’as armas na mão, turbado e em fúria,

mas desperta a vontade e a intelligencia, -

Povo, acorda.; no desengano estuda.;

e se depois conservas

motivos de queixar-te,

de ti mesmo te queixa.; és digno d’isso!

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui