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Poesias-->Tango para Hermanita -- 23/11/2006 - 14:18 (Marcelino Rodriguez) |
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TANGO
Marcelino Rodriguez
Enquanto com a ternura ferida,
Meus pensamentos solitários, sangüíneos
Iam da Galicia a Havana,
Passando pela Argentina
Nas noites frias dos computadores,
Exilado das mãos humana nos cyber-cafes,
Recebendo dos jornais as mais sombrias noticias
Da terra – tua asa portenha me encontrava
Por esses dias que fugiam
Um após outro, como pássaros emigrantes.
Fizeste comigo a alada crônica da amizade,
Esse poema de força infinita.
Com teus passos, desde então vens
Andando comigo, enquanto minha viagem prossegue
Nos gelos silenciosos das rodoviárias,
Nas minhas buscas de acertar o alvo
A cada dia errante peregrino
Persisto, deixando nos sonhos noturnos
O único descanso , no coração a esperança
Que um dia minhas palavras encontrarão
Eco no mundo, assim que andaremos
Límpidos e puros
Numa imortal caminhada na Plaza de Maio,
Com a tarde serena de Buenos Aires
Ao odor de café que emanara´ das vitrines...
Um dia não mais haverá apenas chão, distancia, medo.
Um dia como crianças, nos veremos.
E do sudeste do Brasil, te saudo este tango profético!
E riremos juntos de Don Quixote, Don Juan e dos mitos melancólicos.
E retornarão os dias de ternura, rodeado de palomas.
10.10.2005
CANÇÃO PRA ADORMECER
Marcelino Rodriguez
Por que me queres tomar, canção,
Nesse dia tão triste, nessa magia obscura
Da minha travessia no século?
Para onde me queres levar
Se não vejo estradas, se não há prata
Para a fuga, nem braços acolhedores?
Queres salvar-me do deserto?
Como abrir as mentes, os olhos, os corações?
Como ressuscitar os sentimentos
Da tirania das máquinas?
Fazer a velha avó contar histórias
Perto da janela? Acender o fogo da lareira?
O fervor dos antigos patriotas?
O mistério doce das mulheres antigas
Que contemplo nas lápides dos cemitérios?
O comprimento cortês entre vizinhos?
Por que me queres tomar, canção?
Se tenho apenas as paredes, o silêncio e a televisão ligada
E os pensamentos circulares , as noticias circulares
E a previsibilidade
De que tenho que manter a guarda alta,
Esconder os pensamentos, os sentimentos,
Levar as paixões em fogo brando
Para não ser destruído?
Por que me queres, canção?
Por que me escolheste?
Se não posso construir,
Se não posso destruir,
Se não posso nada
Reduzido á misericórdia de Deus?
Por que me abençoas, canção,
Se vejo apenas o escuro?
Se vejo apenas o muro?
Se falo metáforas estranhas
E não há intérpretes mais?
Por que me tomas, canção?
Por que me arrebatas,
Se ninguém sintoniza a rádio
E falo sozinho
No país da eterna esperança?
Acordaremos um que seja dentre os mortos?
Ainda haverá náufragos conscientes?
Ou a água, o fogo, o ar e a terra foram fatais
E só sobramos nós? E só sobramos nós...
E só sobramos nós...
Deixa-me adormecer, canção!
Deixa-me adormecer.
Tenho amor demais para estar acordado,
Paixão demais para estar vivo,
Tanto quanto para morrer.
Deixa-me adormecer, canção !
Quem sabe amanhã me retornem os sonhos
E Deus troque-me a misericórdia pela benção.
29.12.2005-12-29
Direitos Reservados
Cantora
Acordei na madrugada
Casualmente
Para ver cantar Maria Rita.
Ela brilhava na televisao
Com todos os gestos,
Enviando-me sinais.
O´se pudessemos
Entender a vida
Na sua fonte.
Ao inves do abismo - inspiraçao!
Ao inves do medo - Fortaleza!
Ela estava de negro,
Cantava "Festa"!
Branquinha, branquinha...
Despertava-me, nao sei porque
Uma esperança de viver...
06.04.2004
Direitos reservados.
NOTURNO DE SÁBADO
As pessoas se procuram
Mas nem sempre se encontram
Em sábados de intensa solidão.
Um anjo me vela com certeza,
Do céu me chama pelo nome,
Enquanto carros atravessam a ponte
Oposta ao cemitério vertical.
Cresci, entristeci, sou um homem.
As mulheres enterraram meu coração.
Uma canção estrangeira, uma cerveja preta
E a lembrança de Che me livram do suicídio.
Com certeza, e apesar de tudo, embora no silêncio,
Faço também parte da história, ainda que pela margem.
(Publicado em Café Brasil, 2001)
SILVIA
Me diz que ainda estas ai
Com tuas mãos brancas
Amparando meu naufrágio.
Me diz com tua voz
Que nunca mais
Morrerei de silencio.
Me diz que não me abandonaste,
Que não morrerei sem sua canção.
Que anjos especiais nos uniram
Para que eu atravessasse
A tormenta pelos teus olhos.
Me diz, me diz, me diz
Pois já´ não consigo dizer
Meu nome sem tua vida.
Direitos Reservados
Do livro Bom Dia, Espanha!
DESCOBERTA
A tarde é morna,
Repetida, indolente.
Os homens chegam
Cansados dos deveres.
Ó Santa Maria, a vida,
A vida não é assim,
Sem o fogo ardente!
No crepúsculo de verão
As nuvens desenham
Outros sonhos – coração
Dilacerado! – Como voar?
De repente, descubro:
Deus é azul celeste.
Do livro Juvenília
O MAR
Não recordo, Andressa,
Se já cantei o mar.;
Não recordo.
O grandioso mar.
Só sei da solidão
E da tua ausência de pedra
Que sinto, rumorosa.
Do mar, não sei.
As ondas passam.
Mensagens passam.
Diante de meus olhos
Passa a vida,
A melancólica vida.;
Até o mar passa
Perto ou distante.
Só tu permaneces,
Viva em mim,
Imagem além das palavras,
Do corpo
E do mar, inclusive.
Tu sobrevives.
Mais que minha desesperança, sobrevives.
Do livro Mar, Romântico Mar
A Barca
Viajava pensando em ti.
Meu corpo te recordando
A ternura de suas mãos,
A suavidade do beijo.
Meu desejo, seu desejo.
Sim. Vieste comigo.
Deixei-te minhas mãos ao partir.
Assim que somos nós dois, únicos
Como uma barca noturna no mar de dezembro.
02-01-2005
Direitos Reservados
O SEMEADOR
Hoje choveu
Enquanto eu lia um bom livro.
Abri a janela, via chuva
Cair como uma semente de Deus.
Entao decidi ficar em casa
Semeando minha paz.
10.04.2004
Direitos reservados
Amigos
Marcelino Rodriguez
Amigos sao estradas
Livres de sinais
Pedagios, impostos.
Sao sorrisos
Abertos no meio da noite.
Amigos saoanjos
Revelando portais
Que separam humanos
E imortais.
Amigos sao familia.
Sao pátrias sem fronteiras.
Amigos são os outros
Que refletem
Nossa extensao de alegria,
que completam nossa esperança
De nao perder a poesia
Dentro das dores.
Amigos
São braços.São olhos.
Amigos tornam possível
Que a vida siga adiante
Quando, sozinhos, nao podemos mais.
Amigos são asas. São armas.
Sem amigos
Nao seria viável
Essa lua na madrugada
Solitária, branca, persistente
A espera da aurora.
06/04/2004
Publicado no site nuevostalentos.com.mx
Direitos reservados
MENINA DO MAR
Marcelino Rodriguez
Menina do mar, leve-me
Aquele verde parque
Onde falamos dos peixes
E do verde, com o vento
Cantando a paz nas árvores.
Leve-me, menina do mar.
Ponha-me no seu colo,
Deixa-me descansar da guerra
Um pouco que seja
De ternura eterna
Deixa-me descansar
No seu colo,
Menina do Mar.
Contigo, o sonho vale
O mar profundo
Que cura o mal do mundo.
Deixa-me descansar
No seu colo, olhando no céu
A ave que voa minha liberdade.
Deixa-me ficar aqui contigo,
nesse parque do repouso,
Menina do mar.
28.01.2005
A FAMA DA MARGEM, A MARGEM DA FAMA
Marcelino Rodriguez
"Ei, esse aqui sou eu!" . Foi o que pensei enquanto folheava um
dos capítulos de "O Mago", um livro maravilhoso sobre um personagem
não menos singular, Paulo Coelho. E quem se der ao trabalho de ir lá
conferir verá que sou eu mesmo, "O poeta Marcelino Rodriguez". Se eu
pudesse interferir no que sai de mim por ai, só não gosto
de ser chamado
de poeta; prefiro escritor! ai cabe bem. São vinte e dois anos de
carreira, literalmente. Inicialmente busquei a fama, mas depois vi
que a fama é ilusória. Quem não estiver preparado para o sucesso terá
que lidar com raposas de todo tipo, inclusive com as " belas mulheres
e os grandes amigos e os inimigos verdadeiros. "
Na minha carreira construida à margem até hoje,
aprendi lições duras de combate. E curiosamente fiquei avesso
a fama, embora ela sempre estivesse rodeando-me
e de vez em quando me sorri sorrateira nas livrarias, nos sites,
nos sebos, em comentários esparsos de leitores.
Sei que bastaria eu pisar o acelerador e lá estou eu
exposto como um outtdor. Que graça tem ser famoso?
Melhor que nos descubram - raridade das raridades -
sem propaganda. Será possível? Será que um dia as pessoas
serão valorizadas pelo que são, por serem apenas gente?
Eta pobre mundo rico ou rico mundo pobre. Na margem
já ouvi de tudo, fiz poemas lindos pra mulheres vagabundas,
fui abandonado nas noites mais frias e o silêncio tocou
sua música nos ares e no tempo eterno. Não busco o sucesso;
ele já está aqui, na minha integridade de não vaidoso!
E a fama ali, sempre me cantando... sereia cínica...
Eu aguentaria a ferocidade do mercado? A falta de privacidade?
A inveja sorrateira? Os golpes baixos mais do que eu alcançaria
a baixeza? Inicialmente um diabinho cantou: "processa esse cara,
você tá duro". Logo depois o anjo sorriu: "de uma maneira misteriosa,
são seus amigos; estão lhe ajudando". E lembrei-me que usei a foto
do Paulo em um livro meu com a permissão dele há muitos anos!
Para mim ser escritor não tem estrelismo nenhum! È apenas uma maneira
de exercer a cidadania. Porém, que eu gostaria que certa mulher
que disse-me textualmente uma vez que não queria o "nome dela"
no livro de um escritorzinho (eu, hehe) qualquer lesse esse capítulo
eu gostaria. Será que ela teria o briho que tive nos olhos?
De criança que vê um desenho animado? Por certo que não.
Sim, fui citado com muita honra pelo grande Fernando Morais!numa
biografia de importância mundial. È pra ficar besta né? Eu que tem
gente que corre do autor "quase famoso" e que às vezes não vende dois
livros por mês. Claro, entre os dois eu sou apenas um peixinho,
mas que nadando com humildade, vai também, Achando com justeza e sem perigo de submersão seu lugar
nas àguas do grande mar da vida. A citação num livro e em autor e assunto
de tal envergadura só enobrece duas décadas de trabalho honesto, embora muitas vezes
a margem, onde as palavras duras, a indiferença, o vento frio e a solidão só são suportáveis
quando o anjo da verdade farfalha suas asas. Obrigado, Fernando; obrigado, Paulo.
Sinto que minhas palavras e meu trabalho chegam para quem tem que chegar, na hora que
tem que chegar, do jeito que tem que chegar!Há belas paisagens nas margens e nas periferias,
pena que o que não falta é gente distraída de milagres. Jamais esquecerei
que um dia fui ler tanto um livro que mais queria e eis que eu também era personagem.
21.07.2008
misteriosamente encontrando
o absoluto, lá onde Deus sorri
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