Vês filho, aquele homem que caminha
sozinho e mudo e cabisbaixo?
Olha! Nota que suas pernas
outrora resolutas,
bambeiam sem parar.
Mina-lhe na fronte eivada de suplícios,
a dor da solidão -
Outrora, quando belo e forte,
dixou-se ficar só.
Era-lhe feliz a vida, e, sorridente,
gozou-a sem cessar -
Presta atenção filho!
Ele agora quer atravessar a rua
e o olhar se perde
à espera de alguém que o ajude.
Sabes filho? As mãos têm mais valor
do que se pensa.
Dá-me as tuas, para que eu as sinta
vivas e capazes -
Se todas elas, desde cedo, se unissem,
não existiriam velhos como este,
sozinhos e tristonhos. |