Este velho foi encontrado na rua. Não portava qualquer documento. Decidi trazê-lo para esta página por uns tempos. Talvez possa ser útil.
O velho sem conselhos,
de joelhos, de partida,
carrega com certeza
todo peso dessa vida.
Então eu lhe pergunto pelo amor?
A vida inteira diz que se guardou
do carnaval, da brincadeira,
que ele não brincou...
E diga agora o que é que eu digo ao povo,
o que é que tem de novo pra deixar?
Nada, só a caminhada longa,
prá nenhum lugar...
O velho de partida
deixa a vida sem saudades, sem memórias,
sem dívida, sem saldo,
sem rival ou amizade...
Então eu lhe pergunto pelo amor?
Ele me diz que sempre se escondeu,
não se comprometeu,
nem nunca se entregou...
E diga agora o que é que eu digo ao povo,
o que é que tem de novo pra deixar?
Nada, eu vejo a triste estrada,
onde um dia eu vou parar...
O velho vai-se agora,
vai-se embora sem bagagem,
não sabe pra que veio,
foi passeio, foi passagem...
Então eu lhe pergunto pelo amor?
Ele me é franco, mostra um verso manco,
de um caderno em branco
que já se fechou...
E diga agora o que é que eu digo ao povo,
o que é que tem de novo pra deixar?
Não, foi tudo escrito em vão,
e eu lhe peço perdão,
mas não vou lastimar...
Não! não vou lastimar...
*autor não identificado
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