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Poesias-->Lá De Onde Vim -- 07/01/2001 - 07:25 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
De onde vim é terra basta,

chão batido de poeira

e pedras de arrastar.

De onde eu vim,

não é o fim do mundo,

mas também não

é

o início dele.

De onde eu vim

tem uma pracinha colorida,

um presépio permanente,

ladainhas e procissões de hora

em hora.

Tem pipoqueiro fausto de

sal e algodão doce

que implicam à guloseima das

crianças.

Tem uma pracinha bem aconchegante.;

bancos envernizados,

plantio avulso de árvores e flores

dispersas ao longos de vários

canteiros.

Bem cuidados.Se diga.

De onde eu vim, há

muito tempo,

tempo demais,

não resistiu a aragem dos homens

e sucumbiu arredia ao novo era.

Tinha até orvalho carinhoso e, no verão,

um sol de vermelhidão. Tinha

meninos de rua, homens de negócios,

charretes flácidas e mulheres de toda

hora.

É, mais este tempo acabou.

Quando fui lá não existia mais nada

disso. A muito custo encontrei seus restos.

Todos abandonaram a vila de príncipes e fadas,

longos castelos e sizudos reis, e se foram.

Não perguntei prá onde, pois

vi o cemitério abandonado cheio de

cruzes avulsas e todos parecendo

pedir nova vida.

Não, não tem mais não.

Minha terra acabou e com ela

seus probos cidadãos.

Os velhos morreram de solidão

e os mais novos foram roçar a

guerra de 1918.

E com meu tempo acabado

sem esperança de volta,

chorei um pouco perto

dos canteiros vazios e

sussurei: este tempo

já morreu e morri também

por saber que onde existia parte

de minha vida foi coida pelo tempo

e pela voracidade dos homens.

E como bom mendigo, arrastei

minha trouxa e fui procurar

outro lugar prá dormir.

Porque voltar mais, tempo

nesgo e inchado de lembrancas,

não volta mais não, meu senhor!

O tempo mata as coisas e sufoca

os homens.

De onde vim a terra era fértil

e os carrocéis não paravam de rodar.

Minha terra morreu ou

basta bem lembrar, fui

eu quem fui?

Mas dá no mesmo:

os dois estão mortos!









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