Não te irrites, musa amada,
Se estanco a ti meus versos,
Ou se os mando tão dispersos,
Que te deixo acabrunhada.;
& 61593.;
Nem penses que já te esqueço,
Por parecer arredio...
Fica certa: em ti confio,
E o teu amor bem mereço.
& 61593.;
Se, de ti, ando afastado,
É que tenho razão forte
Que envolve vida e morte,
A manter-me atarefado.
& 61593.;
Não falo da morte à toa
Que acomete os de má sorte.;
Eu falo é de outra morte:
Daquela que n alma ecoa
& 61593.;
Em poemas indigentes,
De poetas da indolência,
Onde, em versos sem cadência,
Rima e metro estão ausentes.
& 61593.;
Ah! Sem esses componentes,
A alma vai sufocando
E, sem voz, vai definhando
Nas letras inconseqüentes
& 61593.;
De gente "nariz pra cima",
Que se mete a poeta,
Mas que escreve e não completa
Nem sequer um par de rimas.
& 61593.;
É gente que desconhece
Que alma vive de poemas
Bem rimados nos fonemas,
Onde a emoção floresce.
& 61593.;
Ou gente fazendo graça
Para amizades reles,
Aplaudindo, em URLs,
A poesia em desgraça.
& 61593.;
Contra isso luto e clamo
E aqui vou pelejando,
Ainda que me afastando
Da musa que tanto amo.;
& 61593.;
Pois que a alma, assim, ferida
Pela poesia torta,
Morre a musa e, estando morta,
Hei de estar também sem vida.
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