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Poesias-->INVISÍVEL -- 03/07/2006 - 14:03 ( Fernanda Pietra) |
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Tornei-me invisível a muitos olhos
Os mesmos que não percebiam minhas angústias, aflições
Medos...
Medos surgidos de desejos secretos,
Desejos que concretizei, mas...
Continuam fazendo de mim invisível a todos aquele que me cercam
Pois palavras não podem se ditas
E convenções não podem ser quebradas...
Não consigo viver calada.
Tornei-me invisível quando lutei pelo que queria
E precisei afastar-me um pouco das pessoas que amo
Percebi que quando perto estava,
Minha presença também era ausente
E ouvidos não havia para escutar o choro escondido,
O olhar para o vazio, para o teto
O corpo clamando por um toque que o acalentasse
Fui invisível para os amigos, sim aqueles que só estavam perto por conveniência
E aqueles mais próximos, viraram-me a costa
Como se nada eu fosse
Tentaram calar minhas palavras, meus gestos meus gostos
Porém não conseguiram
Nessa roda viva da vida, as pessoas de fato não se enxergam, não se tocam
Não se ouvem.
Dá uma dor na essência saber que há pessoas ao seu lado, e não estão do seu lado
Naquelas horas em que o aconchego faz-se necessário
Tudo torna-se invisível, quando foge dos paradigmas pré concebidos
Das palavras e gestos ensaiados, do script que nos escrevem.
Já não sou invisível...
A luta travada não termina, mas quando necessário se faz, curvar-se como um caniço
É sinal de sabedoria, sem, contudo, permitir ficar envergado
Para agradar quem quer que seja
E mesmo que as pessoas não se enxerguem, não se toquem, não se ouçam,
Há sempre uma voz clamando no meu peito, no seu peito
Gritando sempre: Eu existo, mesmo que você não queira !!!!
Fernanda Pietra
Publicada na Antologia de Escritores Brasileiros
por Ricardo de Benedictis
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