Há mais entradas em minha vida do que trilhas. Já me perdi em centenas de alas. Cada vez que abro uma porta encontro outra e mais outra. Disse-me o mago do tempo que as portas são sonhos passageiros e inconsequentes. Mas, disse ele, haverá uma porta que jamais se abrirá. É nela que você oculta seu espírito de homem. E a chave perdida está.E não façam abri-la. Contente não vou ficar!
Passageiro
Falando de pai para filho, de mãe para pai, digo que não tenho pai.Falando de avós, digo que eles sonharam,sonharam, e também se foram.De tios,tias,primos ou sobrinhos, nada tenho. Me restou uma paisagem queme parece se transformar em lembranças sem data.De tempos em tempos, eu sem encanto,não me percebem nem quando vivo estou. Se assim é a vida. Assim é a morte: um velho bonde que vai recolhendo passageiros à esmo.E mal sei: o primeiro da fila, lá sou eu!
Valas
Este mês tem trinta dias.Minha vida tem trinta noites. Nessas, vou sair fantasiado de encantos e lá, ao alvorecer, vou cantar a prosa mais bonita e dizer prá ela: o corpo já se foi, mas restam cinzas que o tempo guarda em algum lugar. E este lugar, chamam de amor.E de vasto amor me deixo dançar por valas vazias e ânsias de querer.
Breus
Ao sentar naquele banco de cimento, nos abraçamos e juramos coisas eternas,dizeres de homens e amantes.Loquaz este tempo: nos leva,indomável, para um canto de breus, e nos acalenta com mãos que chegaram um dia de primavera e partiram no inverno. Igual a pássaros que mais sabem da natureza. Hoje espero essas mãos e encontro tubos pela garganta e dores formidáveis. A vida tornou-se um rascunho. E quem a escreve não sou mais eu.Quem escreve minha vida é outra vida. Quem me espera, não me agurda mais!
Luzes
As coisas intemporáveis são as mais cativantes. Fui ver um morto, que não era eu. Fui visitar sua sepultura que não era minha. E não senti medo.Nada mais havia ali, eu sabia. Mas sua lembrança,era cativo em lágrimas.Quando você partiu apenas disse que não demorava.E anos se foram e eu espero que o vôo do pássaro termine, seu vôo eterno e pouse em meus ombros, já arqueados.Mas volte cruciada de luzes e amor!
Bancos
Sentei no banco da pracinha e pensei: lá estão os amantes. O mundo para eles era apenas um só.Medrava angústia no tempo. Eles não sabiam que voavam a uma velocidade incrível, sem volta. Um dia porém, eles farão o mesmo, que faço agora, e se perguntarão: onde foi o açoite que me feriu e agora me alarga de sós e anseios, que o tempo levou e não mais tráz? Dele espera-se a aventura mas condiz também em dizer: o vento carrega...folhas e gente, pratos e memórias, o vento carrega, fantasiado de cetim.
Debruas
Nada mais impossível do que querer conquistar o que está aparentemente mais próximo.Se você estende a mão encontra apenas rostos sem faces, imóveis e já, pelo tempo, mortos é sinal que você caminha também para lá. Se você anseia a vida carregua a bandeira dos poucos. Não se achegue,não se mova,não ame, não faça gestos mas não deixe nada passar.Nem meus frutos, nem aqueles que virão. Não sou santo, sou de vinho doce e aparas amargas
Ruelas
Andando por ruelas, de passos largos e nervosos, anseio o que está por vir. Meu encontro com o passado estava há poucos metros. Se havia indecisão, havia o repentino de descolorir o futuro. E depois de duas ruas, três avenidas, um poste mal iluminado e um bêbado me vi diante de um um espelho.Me via em duas face: o passado, o presente sem descobrir o futuro.
Redemoinho
Um dia me fizeram acreditar que era apenas uma criança. Concordei com os avós e os pais. Quando tudo cresceu e se transformou, vejo os que foram e o me deixaram agora me ferem profundamente. Sou fruto de um passado e mal sei enfrentar o presente. Sei que um vazio mediano me toma quando toco em coisas antigas ou elas me invadem e me colocam num redemoinho de solidão e saudades. Se é pura tolice, é pura tolice minha.Mas não é doce, nem feita de açúcar, nem mel tem.Nessa passagem bruca entre dois tempos, fica a marca de que ninguém volta mais, nem prá festejar as bodas de meu pai!
Festejo
Sou tímido ao ponto de me negar,diante de um universo que não foi feito prá mim. Procuro nas estrelas bordas invisíveis para me achar. Encontro pequenos pedaços de ouro, espargidos junto às poucas pessoas que de mim, pouco a pouco, me fogem. Agora, não sei se foram feitas para mim ou uma pequena amostra de que poderiam ser feitas para outra. Não ouso tocar em sinos, mutantes, vísíveis ou não, sei que são meus pequenos achados.Quero a carne e o espírito e os festejos.Mas fadas e abóboras - façam de mim uma nova vida!
Dos Ventos
Nós somos tão passageiros como o vento, tão fugazes como uma tempestade. Por isso procure dentro de você uma luz que só necessita o afago de mãos sedosas para iluminar seu espírito.
Não faça dengo de porcelanas!
O destino não é loquaz? Quando descobri que eu já não era mais eu, e sim parte de outra parte, meia-metade de outro, ele me fez encontrar comigo mesmo e disse: afague os lábios e ela será todo seu.Tolice de sonho de fanhosas vozes.Peça de vento que não tem onde bater e vem calejar minha solidão. Coisas da Casa dos Ventos.
Revelação
Mais revelador do que a palavra só uma outra. E me disseram procura sua parte em outra parte. Ora, se já a nada pertenço, só me resta colocar a torta no prato e procurar o que me foi tirado. E todos farão de mim um perdão-comum. Afinal tinham piedade daquele homem que perdeu a vida e encontrou outra, sem morrer. Coisas de assustar. Coisas de criança brincar.Coisa de fazer fantasmas correr. Coisas de criança que o tempo comeu exatamente quando os patins quebraram e a vida se abriu em outra vida.
Anos
Hoje faço anos. Ganhei de um mendigo um par de botas e perguntei de que me serveriam? Ele,complascente, apenas disse "ande sem parar, até gastar o solado, e encontrará metade de sua vida que te tiraram. A outra parte só daqui há cem anos. Quando alguma estrela se mover para abrir o seu lado num pequeno espaço que será só seu. Mas não se engane com harmonias. Elas só existem do outro lado, do outro lado do mundo.
Montanhas
Tive duas chances na vida.Ambas as perdi. Na primeira era para conquistar uma montanha. Desisti, era grandiosa e forte demais.A segunda construir uma montanha. Desisti.Era difícil demais.Levaria mil anos para tentar realizar as duas.Paciência, comprei uma garrafa de aguardente e dormi apaixonado pelo meu fracasso. Em ambos os casos mesmo vencendo seria um perdedor.Não se conquista montanha. A gente, primeiro as ama.
Quero A Vida
A força que eu não tenho procuro em outros homens. A força que procuro vaga pelos bosques. E me disseram que minha vida seria rala em conquistas. Ganhei um ramo de rosas e por isso, já considero o mundo meio indisposto e rarefeito de endereços. Falta porém aparecer quem as entregou. Partiu ao rair do dia e se esondeu entre as nuvens. Perversa maldade. Serei um pássaro e então irei reconquistá-la como uma águia.
Quero a vida hoje sem complicações. Se tudo já perdi me resta minha única arma: querer de pronto a vida.; reconquistá-la.Mas como espadar no breu, sem armas?A vida me foge rapidamente. E meu único suicídio foi perder a amada e somente encontrar depois luas sós e desarmadas.
Queda
Minha queda para solidão nasceu quanto tinha 18 anos. Deuses empertigados me presentearam com uma vestal. Anos depois a levaram. Hoje procuro pelas ruas de bêbados e mendigos,becos e saídas vãs, aquela que se foi.Encontro apenas ruas e avenidas vazias e luzes alucinantes de carros. Dentro de mim carrego a esprança solapada de vento que partem do sul para dentro do meu nada
Campal do Sol
Sou dono de duas guerras. Uma, os homens atiram a esmo para matar. Outra, me procuro enre os arvoredos o sentido das coisas que me entregam. Uma bela vestal pousou, num campal de flores e disse, que durante cem anos eu esperaria. E deveria estar preparado como um verdadeira dma. Dessas, fogosos que lampeiam o mundo, mas não o desfazem compurpurina ou pó de arroz. Se espero, espero sozinho. sou eu e o nada. E os dois anseio como a morte esperar!
Sol Ameno
Perguntaram-me hoje porque estava tão soberbo. Disse apenas que mais uma vez vi o sol raiar e, depois, suas luzes morreram. Querem vocês homem mais feliz do que eu? Choro apenas de alegria.Coisa mais perfeita não há.; e rodeado por outro, majestoso. Ilunina minha alma sem dor e sem perguntas. De quem sou? De quem vou? Sou apenas uma velho perdiz, cansado de vôos e estranhos encontros. É quando se abre em púrpura e nos mostra que de entro dela só tem saídas e uma porta de entrada. Mas está porta está aberta desde mil e não sei quantos. Medida certa.Coração falido de emoções. Corriqueiro ou não ainda quero viver este sol ou nele,quando o tempo chegar, desaparecer.
De Branco
Não quero hoje que me julguem um perdedor de sensos. O que vou fazer se aqui me colocaram e não satisfeitos, de lástima me tiram logo meus achados? Se reclamo não é por mal. Mas porquê, a vida foi feita para tirar.Não sou brinquedo, mas não me amortizem meu caos com danos e perdas.Que a tragam vestida de branco.Minha princesa diária. Ela é de vidro e não pode quebrar de branco e morrer
Retratos
Me calo diante das evidências que me provam. Me acusam de solitário, gigante dos mares sem naves. Mural deposto dos homens. Procuro nos vãos uma saída e só me deparo com falsas ansiedades e faces que um dia pousaram em minha vida e hoje as procuro e só encontro em outras cabeceiras - criados mudos impolentes - velhos retratos amarelados e passageiros.Me calor diante dos fatos.Se hoje sou assim, sou fruto dedicado do pôr-do-sol e espero a Lua prá me guardar: eu e o retrato dela.
Calixto
Quando se perde um amor se encontra outro. Quando se perde o poder de lutar, esconde-se na floresta de fantasmas. Se hoje alguém quiser me achar que procure pela primeira floresta e gritem: "Calixto,Calixto..para onde levaram teu cordão de ouro? Para onde levaram sua vida sem registro. Seu pálido rosto sem amores? Se perco um amor, encontro outro, mas tal aquele nunca mais na vida, nunca mais, no forno dessas quatro paredes,que me colocaram por pura loucura ou por excesso de paixão!
João
Meu nome é João. Tenho dois amigos: um pássaro e um cão. O pássaro me resfaz da faina,com seu canto de amenos e o cão me guarda de meus amigos.Hoje já não sou nem tento ser mais ninguém, ninguém. Pois, debruas, todos já passaram do tempo. Meu nome é João e quero esquecer o que fui porque coisa boa não fiz, pro céu se enganar e mandar duendes prá me confortar. Sou pálido e vesgo. Mas sou homem, homem pronto prá chorar!Meu nome é João, até hoje sem encanto.E então?
Parte do Elo
Hoje dedico minha vida a natureza diversa. Que ela faça o que quiser. Que me banhe de sol ou me deixe aprumar meu sono sob as estrelas. Mas não deixe ela hoje partir. Se for, levará metade de mim. E a outra parte é feita apenas de rezinas, pós e procurars.Se for levar, nãoleve minha parte dela. Ela é parte do elo. E tudo que quero vem dela.
Multidão
Quero encontrar neste dia pessoas tão diferentes de mim, mas que lá se igualem em solidão. Coloquei rosas em seu templo e rezei, sem saber, que deuses seu nome haviam levado e era que eu mais amava, por quem eu mais me dizia. Falam: é verdade: agora você vagará entre mil mãos de seda, sem encontrar nenhuma.Será apenas um vazio na vasta multidão!
Arcos
Que me levem daqui.Mas uma palavra quero dizer antes de partir.Perdi o que não tinha, ganhei o possível e conquistei nódoas que nenhum tempo fará apagar. Sei disso...sei disso. Sou bom em matemática e por isso perdi meu tempo procurando alturas,e só caindo em abismos! Enquanto meu barco me esperava no sopé da montanha, junto ao mar, onde ondas rebatiam contra os rochedos. Mas nunca houve sol em tal oceano de espíritos. Nesse excesso de primazia sem calor - Solidão? Não! Calço minha ansiedade de angústia e vou pra praça passear, ver bondes passar e ela desfilar com dois homens, uma garça, um empreiteiro de amor e uma caçamba vazia, mas tão vazia ,como se coração lá estivesse à bordo de navio nenhum!
Detalhe
Detalhe: procuro nas ruas escuras, cercado de bêbados, uma idéia ou uma oração. Encontrei ação. No pálido de meu espírito lembrrei-me de que, quando jovem, sonhava e conseguia conquistar o sonho de alguém. Hoje me rejubilam apenas as flores que me mandam.E a falta de saudades que juram, ficaram! Mas meu sonho nunca mais voltou. Foi morar em outro espaço, sem tempo, sem jardins, sem espaços prá ficar, sem luz prá iluminar! - Ora são detalhes de uma vida vazia!
Tempo no Tempo
Cada tempo é um tempo, cada hora, um espaço. Se você se reduz ao seu tempo está fadado ao próximo. Mas se você descobre dentro de você uma outra parte que lhe falta, a vida será sempre de uma intensa agonia.Que não passa. E um dia você achará.Você dentro de você e por foras mil pedidos de então. Afinal, neste céu imenso, não pipocam mil estrelas e suados sóis, prá fazer a carne arder, sem trelas?
Remendos
Não sei merendar as coisas.Não sei relacionar o próximo. Se antes augurava uma vida cheia de lagos incríveis, hoje me redemoinho em ansiedades e vazias pensatas.só eu queria, ganhar um presente, dentro do próprio presente. Hoje nunca foi igual a ontem. Ontem, foi um vento ralo, morno, que rebatia em nossas faces, mas nada nos dizia. Fomos descobrir, tarde demais, o quanto o tempo é perspicaz e silencioso. Ele age a sua maneira e, de resto, nos deixa em abismos sem profundidade.Nos deixa sozinhos e sem paz. Se quero não alcanço. Perdão morreu. E sei, tudo foi erro meu. Errei ao tentar alcançar. Mas na outra vida,já estavas!
Ritmo
Se passa ao longe
sigo ao longe,
se me não me vê
é porque não me conhece.
E se conhece, me despreza.
O ritmo da vida não foi feito prá nós dois
De um lado fica o teu lado
No meu, a saudade por ter perder.
Uma bobagem - a vida deu reviravolta
e levou você com ele.
Eu, você, nosso passado, passas
e avelãs!
Foi uma festa de solidão!
Vida Inteira
A vida deve ser vista
por você que anda nela,
deve ser vivida por você que deseja nela.
Não faça por desgoto
ou mero acaso.
As frutas doces que me espargem
São seus frutos eternos
E se sou, sou meio você
E você é minha vida inteira.;
De braços abertos para
na vida caminhar.
Juntos e sós, num vazio ameno,
bem peculiar, dos sem deestinos
que a vida não vem apanhar!
Brandela
Amacie o brando como se fosse
de luz,
retorne a paz nas mãos dela.
Faça jus a si mesmo
e nunca deixa passar o tempo
pois ele sempre já era.
Perfaça seu percuso
como fazem os andantes sem rumo.
Procure sempre nela
Na soleira do seu coração
como um grande elo.
Melros
A luz que me rebate também
é sua.;
A vida que me pulsa
faz ordem em meu espírito:
como um espelho, de face dupla,
onde o convívio é harmônico
e irradia belezas e por aqui latejas.
Se falta um espelho,
compre uma par de luvas
de pelica só.
E amacie no rosto dela
Pois você vive apenas uma era.
E depois de passar, passou.
Tudo são lembranças de melros!
Tempos Idos
Horas e horas perco
na rua. Vejo gente de todo tipo
e tamanho agreste.
Vejo ruas e avenidas, vielas
e becos.
Me perco no primeiro beco.
É lá que mora a tal felicidade!
Cheia de mulheres avulsas e coloridas,
de espartilhos cerrados e bustos agigantados.
Não faço por mal. Por mal não faço.
Mas me sinto sozinho e devagar
nesta história de amar prá sempre
pois prá mim não tem lugar,
mas agora é só alugar
que meu vazio passa.
mMs a bruta paixão sempre acaba
por desabar nos aventais da vida
sem primo, pais,parentes
- todos idos!
As Vergas
Tenho duas vergas,
um carro e e uma casa miúda.
Sou trabalhador forçado,
deste que são obrigados a
festejar todos os dias o fruto
do rotina amena e tediosa.
Mas amor que é bom, a quem dar?
Trabalho com ferro e por isso
sou bruto de nasceça, sem perdão
prá chorar.
Agora, pergunto prá cá:
Onde está tal amor
que dele falaram tanto
mas para mim não vem aqui
nem prá pescar!
Reis
Sou rei de duas terras
uma prá dar, outra prá vender,
mas todas elas de bons frutos
e bom sol - quente e fagueiro.
Nao quero mais terras nem ser rei!
Cansei das duas coisas.
Como se cansa de andar.
Prá que quero tudo isso
se não tenho mais ninguém
pra nela frutificar?
Os homens levaram minha
espada e meu coração.
Deixaram um vazio tão grande
sem elo, mas vazio de paixão!
Corpo
Passeio nos corpos a volta
dela
são todos vazios e a procura do
que não acham.
Sou forte e grosso, pronto prá revidar.
Passeio no corpo dela
e remo em seus braços uma canção eterna.
Depois dizem que o amor não existe.
Ora tal! Se existe! Mas nos corpos dos outros
que estão apenas de passagem e nunca
provaram o verdadeiro suco delas!
O amor nunca vai chegar!
Corpo de Orquestra
Fugaz são as coisas passageiras
e eu estou cheia delas.
Uma hora me levam, outras
me tomam,
tudo cercado por regalias do céu.
Não vivo mais no passageiro
porque isso me levou ao caos
aos sem classe.
Hoje sou instrumento sem corda,
uma grande orquestra sem música.
Mas dá prá duvidar!
Porque logo eu resolveram me levar?
Tempo Demais
Tudo na vida tem seu tempo!
Eu já fui no meu, sem chorar.
Vieram e carregaram,
como se leva um caixão sem nome.
Não perca tempo fundando alvíssaras
futilidades que o tempo te prepara.
Seja grande, mas não seja omisso.
Seja forte, mas não seja correção de ninhos.
Faça sua vida a vida dela.
E depois entre no portal do seu espírito,
no âmago de seu destino.
Pois lá está ela já espera.
Amor Alado
Vivo simples e composto.
Vivo a espera, sem dengo ou meros sonhos.
Quero voltar no tempo e esperar
o tempo de novo me levar!
Pra terra dos homens que só sabem ganhar
perder só de mansinho.
Prá lá quero voltar.
Mas à força não vou
Sou maçã de ferro
derretida em tempos coloridos.
Maçãs: desta de comer
em dia de festa que
não tem jeito de acabar.
Por isso , não me espere.
Sou roda, sem fortuna.
Sou homem que só quer voltar
ao tempo da roda, das mãos dadas
do amor alado.
Confins
Longe ficam as coisas
que lá você quer alcançar.
Longe fica a vida que na plenitude
você quer viver.
Não se acanhe com o tempo
Ele é fugaz e
bem traiçoiçoeiro
ele diz que sim
mas hora faz que não
E te leva pros cofins da terra
onde nem de amor se houve falar!
Sagaz
Finge ser sagaz e pouco volúvel.
Se arme de douradas flechas por inteiro
e passe seus dias no gozo dos alpendres,
no rebate do sol.
Se é sua sombra, garde-a para sempre.
Um dia você vem, noutro você vai.
Mas se você cai nas garras do tempo!
Tem tudo a perder e nada a ganhar
O tempo é a garantia de sua
morte
a contagem e seus dias.
O tempo é cruel e valente
e você é apenas fruto de suas asas
fraco e sempre atado
que deixa sua vida sempre parada!
O Alvo
Hora de errar
faz o alvo e finge
que passou de longe, por azar!
Não acerte o alvo, sesmo que ele se mova -
pode ser gente - cascata nossa -
gente de carne e osso
sem parentes
mas que estão ali prá fuzilar.
Faça melhor passe a amar!
Pegue o que você tem bom
e vá com ela.
O amor não tem caminhos, o que vier
é o certo.
Faça de verdade, ame o que tem
e o que está por vir.
Se é esta a sua vez, dela não há como escapar
Só o salva o ato de amar!
Criança
O apanágio é invenção de criança.
E corte no dedo,
é ranhura nas pernas.
Ma se soubesse eu que, o apanágio
na vida de todo mundo
é ser criança,
nunca teria saido de lá.
mas, o tempo, ah! tempo se dó,
trata de se maquiar de falsa gente
e levar a crianca que eu era minha, prá vida
de outros homens, para caminho dos breus solitários.
Mas, enfim, está instalada a ilusão,
acabaram de afundar os meus dias
na mais pura solidão.
Seu destino - hora de errar
Perdoar a gente não perdoa não!
Passando
Foi por amor que
a deixei. Um casulo de beleza,
uma formosura de dar dor.
Tive medo na hora, e fugi de tudo.
Antes, pensei bem - Se a teho agora,
por uns dias se for,
também vou , um dia, perdê-la
para o astro gigante,
qe com sua e foracidade
vem a terra dos homens
para levá-la para outra
terra, mais longíncua.
Como homem de bom coração,
resolvi dexá-la de de lado.
E sabem porquê?
Por que tenho a perder
e as asas do tempo
me levar pra lugar nenhum
nem para os seios dela -
Mas sei,o levar não perdoa,
ao contrário, nem coroa
deixa a gente levar!
Dois Pares
Tenho dois pares
de sapatos:
um prá ir, outro prá voltar.
E não me digam que não.
Voltar é tão simples como o nascer
de uma flor e tão complexo
como fazê-la dourar de beleza formidável.
Voltar é fácil.
Basta apertar em cima de seu coração
e você se esvai pelos caminhos
da vida, sem nenhuma oração.
Mas nessa história, tem sempre
gente de plantão
prá levar prá longe
o que você tem mais de querido!
Ardência
Tenho pressentimento
e visões e sentimentos avulsos
de percas.
Não é lá pelo século andando,
sou eu fruto dos perdidos.
Perdi o pai carinhoso,
a mãe maravilhosa,
e muita gente que só de falar dá vontade
de chorar.
Mas que vou fazer? Quando a gente nasce,
parece que assina termos
em cartórios invisíveis:
Você tem, mas perde,
Você conquista, mas arde de tristeza!
Porque se tudo passa
roda de vez sua vida também,
tudo por bem querer,
do céu e estrelas
que estão sempre na vida vida,
à esqueda!
Frutas Doces
Vi as coisas cresceram ao redor.
E elas foram-se se transformando.
Passa um dia, passadiço do tempo -
e lá estão as coisas mudando.
A gente não vê
porque é pobre de vista.
Mas as coisas estão passando.
Vão também pedras e montanhas.
Na vida tudo passa, mas para eternizar
arrume lá a mulher mais dengosa
cerca-a de carinho e frutas,
e faça dela o suco de sua vida
e faça dela o século que vem depois.
Ai, sim, nada mais morre,nem se move!
É o amor eterno nascendo!
Gosto
Tudo por nada.
Nada por alguma coisa.
Fui a festa do rei e só encontrei camas!
E, curioso, perguntei a um pajém descansando,
do porque de tantas camas.
O homem mascado de armaduras me disse:
É o rei: cada dia ele dorme com uma rainha
E disse que mulher é igual a uma rinha!
Não gosta de deitar no sobretudo de outra.
Mulher, formosa e bela, não gosta do gosto da outra.
Mas gosta de saber o que você faz com uma, faz com outra!