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Poesias-->Pó Revisitado -- 29/12/2000 - 15:57 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dias



Dia do amor sem fim.

Mas da minha paciência, não largo.

Sou ainda homem de duas farpas:

um prá pensar e

outra prá atiçar!

Bom-dia, digo a todos,

acordei de bom grado!

De um lado a cerviçal de

outro uma mulher feito espiral!

Bom-dia para todos

hoje é dia dos amores de confins

e dos diabos afins!

Não largo delas,

nem por acaso,

nem por pura reza!

Hoje é dia de festa no meu corpo

como tal!

Se vivo dele,

porque não um dia,somente um dia,

dar um pouco de alegria e motivo

para viver - coisa que ninguém entende -

e, eu, mal quero supor!

e crer

que amanhã é outro dia

e, com certeza,

pouca coisa vou me meter!





Empório



Na mala guardo retratos velhos e até dela,

tem uma floresta encantada - onde nunca pus os

pés, com medo de nela me encontrar!

tem um lindo pôr-de-sol - que não ouso olhar,

tem uma morna e linda lua de outono

que guardo para os dias quentes de verão.

Sou homem que prezo a minha mala,

Pois nela parte de minha vida!

e levo minha vida prá lá e prá cá.

Sem vergonha de errar.

Pois se minha vida numa mala cabe

Duvido que em sua bolsa não sobre!





Prezo



Prezo muitos as coisas que tenho,

Mas não sei rezar por elas!



Sou todo familiar: não frequento casas

de alegria, nem de azar.;

não jogo, não fumo, bebo bem a vontade,

e moro sozinho, com minha barca,

numa quartinho bem iluminado.

Sou velho de nasceça

e vivo por mero acaso.

Pois se me chamrem eu vou.

Tem vista linda do quebra-mar

tem até mulher nadando no alto mar.

Sou correto e ordeiro

Gosto de música e de uma cadeira

A música levanta os amores

e a cadeira sonolenta,

é de um ranger, tal e bastante,

horroroso.

Prezo as coisas que tenho

mas não sigo mais procissão por elas!



Guerra



No armário guardo objeto muito pessoais:

um alambrando com arames pontudos,

uma cerca fincadas em paus tortos,

uma escada para descer,

uma porta semi aberta

e um bocado de vento .

Só guardo o vento prá ventilar!

O resto fica lá, se precisar.

Sou homem de guardar.

Guardo pregos e zapatas

ordem e desordem

caos e fibras aladas.;

guardo pão e melado

guardo meu ancião de uma porta

senão ele foge

prá guerra dos homens

ser horta no intervalo

das batalhas

sem lógica e ramalhos!



Saias



Quero ir é muito mais,

do que simples partir,

também quero voltar!

Não quero ficar parado

igual a uma gazela atada.

Quero ter igualdade ao andar

quero ter sumidade ao amar.;

mas quero ir prá ela

sem nunca mais voltar.

Porque simples é o partir

complexo é o chegar.

Porque você não sabe o

que vai encontrar do lado de lá

das saias dela!



Guerras



Sou homem de duas arcas:

uma prá ir, outra prá voltar.

Hoje é dia de ir - e preparo a mala!

Quando é dia de voltar

lá vou eu e

outra vez preparo as asas.

Sou intempérie no sentir

avesso ao perder

sentido ao possuir

imperdoável

ao tentar amar.

Por isso

sou homem agora de duas arcas

- viajante inesperado das estrelas -,

sempre indo e voltando

prá não chegar a lugar nenhum.

Se é dia defesta, fico

se transformam em morte

pego a arca e me vou.

Prá qualquer lado que der tilha.

E como o mundo está cheio delas

vou para qualquer lugar.

Até amar já fui de arcas de levar!



Água de Beber



Se nas folhagens que rebatem o

outono encontrar comigo, diga alô.

Simples de falar, complexo de entender.

Se sou um em vários,

Sou todos num só.

Difícil fica de explicar o que não existe.

E se existiu já se foi.

Nada mais puro que água de beber.

Mas o barril chaveado de madeira

reluzente e arcos iluminados,

foi feito para guardar a dor e o vinho.

E nele mergulho a solidão de

quatro dias,quatro noites

e anos e anos de escolha

entre a paz e a seriedade.

Entre ir ou não.

Fincar juncos ou espairecer.

Se vou vou à pé,

como numa procissão arredia.

Vou, mais com sezo.

Vou atrás da saia dela,

de meio metro de cetim.

E se um dia eu me encontrar

prometo diante deste barril

de puro vinho e discórdia:

bebo ele como água, e tomo você

dos braços de Zeus e levo

pra casa dos milagres

de gente grande.

Porque de onde eu vim,

ninguém vai.

E a coisa se alastra

Todos vestem brim

e eu um pobre carmim!

Que faço eu, com esse

tal de barril de água?





Três Chances



Se tenho três chances, não perco uma.

Ou acabo perdendo todas!

Sou homem de palavra,

me perco em devaneios.

Sou grande e cambaleante,

vivo atrás de quem me deixou.

deixou sem querer -

num passe de mágica - a dor do outro

passou prá mim.

Se pergunto não me respondo!

Se falam não me escutam.

sou devedor e ansioso.

Sou de fala mansa

e só espero o sol raiar

prá ir atrás dela.

sem querelas

ou atrás das juntas dela pois

sou forte e vigoroso.

Mas fraco resplando, e de dissabor

ganho por mil!

E essas palavras são só prá nós dois!

E de resto, que ouvir saberá.

Meu começo é ali

Meu fim é todo aqui!





Mon Cherir



Meu primeiro nome é Abê

E o segundo é Shê !

Mas de alcunha,

todos me chamam de

Aber Sherir.

Sou bravo e angustioso

homem de lutas e grandes

perdas.

Nenhum batalha ganhei

Todas eu perdi

entre o laço e a corda

entre a vida e a morte.

Se me querem assim, muito bem:

Me chamem de Aber Sherir

Que faz, tonto,

Mon Cherir!

Mas onde está ela

sem flores

e eternos de ponços odores?



Floresta



Agora virei barril,

Minha ordem interior se foi.

fizeram as malas de Maria

e mandaram ela

prá bem longe desta

angustiosa paredes de interior.

Maria se foi e levou também

arco e flecha

para um dia ,se puder,

caçar sozinha nas florestas

encantadas de luzes.

Magia é pouca.

Maria se foi,

e a mim deixou.

Lastimo! Porque sou fraco

e na minha ordem interior e ativa

só tem amor cativo!





O Verde



E hoje recebi más

notícias:

meu cão piguela morreu,

meu gato senzala sumira,

meu padastro me surrou,

-deu três voltas e lancetou

uma vara verde sem nome -

nas costas juvenis.

Perdi de lá, tudo.

Meu cão, meu gato,

até meu sermão.

Nada restou senão lembranças

pouca juvenil.

Achei uma roda vazia

de pau oco - até fútil!

Mas foi nele que passei

a correr o mundo

com minha roda de magia.

Sonhando como crianças

e esperando os que foram, voltarem

e os que estão nunca mais me deixarem!





Pingos



Que os pingos d água

que fazem o passar dos anos

tinha feito de Maria

uma tarifa para as estrelas.

Nem isso consegui:

fazer dela uma torrente d água

que escorre pelos ombros e atiça as mãos.

E o tempo se fez mais tempo

e as águas iam e voltavam

dentro deste tempo sem fim.

Mas achar o corpo dela

no meio deste seio de águas puras

é coisa reinitente.

Sou homem do mar, mas não acho

hoje,

nem um pingo dela!





Nem Por Isso



Mas nem por isso

nem por um minuto sequer

deixei de chorar

quando lá pelas tantas

soube eu,

fardado de bom, e risonho,

ela acabou de me deixar

quando tocavam a Marcha do Imperador.

Não sou de ferro, nem de ácido.

Sou que que procuro entre paredes vazias

o que de resto me ficou.

Ficou o branco e o nada

que se misturam numa dor infernal.

Afinal, que mundo é esse

que perco até no laço?

Mas nem por isso vou deixar

de carregá-la em meus braços.





Iluminado



Sou bondoso e iluminado

feito casca-dura que cerca

os muros e os pedreiros.

sou outra vida

dentro da própria vida.

Sou de frente

e acordo

a toda hora de solidão.

Não me chamem de atiço,

disso tenho pouco.

O que me resta agora

é um vasto salão ilumuninados

pela cor dela.





Angustioso



Sou angustioso e perolado

por argamassa de cimento,

por pontes de três traves.

Sou a chave e a perdedura,

sou a chama, o fogo, a meia-luz,

a dor de todos, o trio de um par.

Nada posso apresentar,senão a mim mesmo

mas não tenho hora certa

nem manhã de Carnaval.

Sou puro e casto!

Mas inocente tenho de pouco,

minha classe especial

é flexibilizar os roucos!



Sou Forte



Sou forte e calcificado



Tomo álcool todo dia -



material indolor -



que aduba almas fracas.



Que leva ao impossível



e massacra sonhos perdidos.







Sou forte e arrochado:



Tomo soldaduras



e tônicos bens juvenis.



Me refaço nos cômicos



e nos de dor atroz.





Passo o passo



Mas não reduzo o esplendor



de sua alma



ardorosa e meiga.



Por você eu falo



Por você me castigo



E vôo longe,



além do paraíso!









Outeiros



No vai-e-vem

de alma a alma,

você fica sendo soldo dos

outeiros e das queimadas.

Fica vítima de si mesmo,

se apráz dos contentes

à frente dos vazios de alma

e dos espíritos carentes.

No vai-e-vem de alma

você é mero esplendor passageiro

que se perde dentro de si mesmo.

Se somos sós

é porque de um fomos

feitos para o outro.







Ordem Inversa



A ordem interior

é feita de pequenos soleiros

que abatem nosso coração.

Se não há ordem interior

há falsa teoria de amar.

Se ama o interior

chameia a luz e afaga a tez,

reduz os mínimos

e alça espaços

sem fim.

Se há ordem interior há paz.;

se não há,brilha a meia luz.

Se é falso o que digo

procura então sua ordem interior

e faça dela brilhar

em cantos espargos de amor



Trilhas



Há mais entradas em minha vida do que trilhas. Já me perdi em centenas de alas. Cada vez que abro uma porta encontro outra e mais outra. Disse-me o mago do tempo que as portas são sonhos passageiros e inconsequentes. Mas, disse ele, haverá uma porta que jamais se abrirá. É nela que você oculta seu espírito de homem. E a chave perdida está.E não façam abri-la. Contente não vou ficar!





Passageiro



Falando de pai para filho, de mãe para pai, digo que não tenho pai.Falando de avós, digo que eles sonharam,sonharam, e também se foram.De tios,tias,primos ou sobrinhos, nada tenho. Me restou uma paisagem queme parece se transformar em lembranças sem data.De tempos em tempos, eu sem encanto,não me percebem nem quando vivo estou. Se assim é a vida. Assim é a morte: um velho bonde que vai recolhendo passageiros à esmo.E mal sei: o primeiro da fila, lá sou eu!



Valas



Este mês tem trinta dias.Minha vida tem trinta noites. Nessas, vou sair fantasiado de encantos e lá, ao alvorecer, vou cantar a prosa mais bonita e dizer prá ela: o corpo já se foi, mas restam cinzas que o tempo guarda em algum lugar. E este lugar, chamam de amor.E de vasto amor me deixo dançar por valas vazias e ânsias de querer.





Breus



Ao sentar naquele banco de cimento, nos abraçamos e juramos coisas eternas,dizeres de homens e amantes.Loquaz este tempo: nos leva,indomável, para um canto de breus, e nos acalenta com mãos que chegaram um dia de primavera e partiram no inverno. Igual a pássaros que mais sabem da natureza. Hoje espero essas mãos e encontro tubos pela garganta e dores formidáveis. A vida tornou-se um rascunho. E quem a escreve não sou mais eu.Quem escreve minha vida é outra vida. Quem me espera, não me agurda mais!



Luzes



As coisas intemporáveis são as mais cativantes. Fui ver um morto, que não era eu. Fui visitar sua sepultura que não era minha. E não senti medo.Nada mais havia ali, eu sabia. Mas sua lembrança,era cativo em lágrimas.Quando você partiu apenas disse que não demorava.E anos se foram e eu espero que o vôo do pássaro termine, seu vôo eterno e pouse em meus ombros, já arqueados.Mas volte cruciada de luzes e amor!





Bancos



Sentei no banco da pracinha e pensei: lá estão os amantes. O mundo para eles era apenas um só.Medrava angústia no tempo. Eles não sabiam que voavam a uma velocidade incrível, sem volta. Um dia porém, eles farão o mesmo, que faço agora, e se perguntarão: onde foi o açoite que me feriu e agora me alarga de sós e anseios, que o tempo levou e não mais tráz? Dele espera-se a aventura mas condiz também em dizer: o vento carrega...folhas e gente, pratos e memórias, o vento carrega, fantasiado de cetim.





Debruas



Nada mais impossível do que querer conquistar o que está aparentemente mais próximo.Se você estende a mão encontra apenas rostos sem faces, imóveis e já, pelo tempo, mortos é sinal que você caminha também para lá. Se você anseia a vida carregua a bandeira dos poucos. Não se achegue,não se mova,não ame, não faça gestos mas não deixe nada passar.Nem meus frutos, nem aqueles que virão. Não sou santo, sou de vinho doce e aparas amargas



Ruelas



Andando por ruelas, de passos largos e nervosos, anseio o que está por vir. Meu encontro com o passado estava há poucos metros. Se havia indecisão, havia o repentino de descolorir o futuro. E depois de duas ruas, três avenidas, um poste mal iluminado e um bêbado me vi diante de um um espelho.Me via em duas face: o passado, o presente sem descobrir o futuro.





Redemoinho



Um dia me fizeram acreditar que era apenas uma criança. Concordei com os avós e os pais. Quando tudo cresceu e se transformou, vejo os que foram e o me deixaram agora me ferem profundamente. Sou fruto de um passado e mal sei enfrentar o presente. Sei que um vazio mediano me toma quando toco em coisas antigas ou elas me invadem e me colocam num redemoinho de solidão e saudades. Se é pura tolice, é pura tolice minha.Mas não é doce, nem feita de açúcar, nem mel tem.Nessa passagem bruca entre dois tempos, fica a marca de que ninguém volta mais, nem prá festejar as bodas de meu pai!



Festejo



Sou tímido ao ponto de me negar,diante de um universo que não foi feito prá mim. Procuro nas estrelas bordas invisíveis para me achar. Encontro pequenos pedaços de ouro, espargidos junto às poucas pessoas que de mim, pouco a pouco, me fogem. Agora, não sei se foram feitas para mim ou uma pequena amostra de que poderiam ser feitas para outra. Não ouso tocar em sinos, mutantes, vísíveis ou não, sei que são meus pequenos achados.Quero a carne e o espírito e os festejos.Mas fadas e abóboras - façam de mim uma nova vida!





Dos Ventos



Nós somos tão passageiros como o vento, tão fugazes como uma tempestade. Por isso procure dentro de você uma luz que só necessita o afago de mãos sedosas para iluminar seu espírito.

Não faça dengo de porcelanas!

O destino não é loquaz? Quando descobri que eu já não era mais eu, e sim parte de outra parte, meia-metade de outro, ele me fez encontrar comigo mesmo e disse: afague os lábios e ela será todo seu.Tolice de sonho de fanhosas vozes.Peça de vento que não tem onde bater e vem calejar minha solidão. Coisas da Casa dos Ventos.





Revelação



Mais revelador do que a palavra só uma outra. E me disseram procura sua parte em outra parte. Ora, se já a nada pertenço, só me resta colocar a torta no prato e procurar o que me foi tirado. E todos farão de mim um perdão-comum. Afinal tinham piedade daquele homem que perdeu a vida e encontrou outra, sem morrer. Coisas de assustar. Coisas de criança brincar.Coisa de fazer fantasmas correr. Coisas de criança que o tempo comeu exatamente quando os patins quebraram e a vida se abriu em outra vida.





Anos



Hoje faço anos. Ganhei de um mendigo um par de botas e perguntei de que me serveriam? Ele,complascente, apenas disse "ande sem parar, até gastar o solado, e encontrará metade de sua vida que te tiraram. A outra parte só daqui há cem anos. Quando alguma estrela se mover para abrir o seu lado num pequeno espaço que será só seu. Mas não se engane com harmonias. Elas só existem do outro lado, do outro lado do mundo.





Montanhas



Tive duas chances na vida.Ambas as perdi. Na primeira era para conquistar uma montanha. Desisti, era grandiosa e forte demais.A segunda construir uma montanha. Desisti.Era difícil demais.Levaria mil anos para tentar realizar as duas.Paciência, comprei uma garrafa de aguardente e dormi apaixonado pelo meu fracasso. Em ambos os casos mesmo vencendo seria um perdedor.Não se conquista montanha. A gente, primeiro as ama.





Quero A Vida



A força que eu não tenho procuro em outros homens. A força que procuro vaga pelos bosques. E me disseram que minha vida seria rala em conquistas. Ganhei um ramo de rosas e por isso, já considero o mundo meio indisposto e rarefeito de endereços. Falta porém aparecer quem as entregou. Partiu ao rair do dia e se esondeu entre as nuvens. Perversa maldade. Serei um pássaro e então irei reconquistá-la como uma águia.

Quero a vida hoje sem complicações. Se tudo já perdi me resta minha única arma: querer de pronto a vida.; reconquistá-la.Mas como espadar no breu, sem armas?A vida me foge rapidamente. E meu único suicídio foi perder a amada e somente encontrar depois luas sós e desarmadas.





Queda



Minha queda para solidão nasceu quanto tinha 18 anos. Deuses empertigados me presentearam com uma vestal. Anos depois a levaram. Hoje procuro pelas ruas de bêbados e mendigos,becos e saídas vãs, aquela que se foi.Encontro apenas ruas e avenidas vazias e luzes alucinantes de carros. Dentro de mim carrego a esprança solapada de vento que partem do sul para dentro do meu nada



Campal do Sol



Sou dono de duas guerras. Uma, os homens atiram a esmo para matar. Outra, me procuro enre os arvoredos o sentido das coisas que me entregam. Uma bela vestal pousou, num campal de flores e disse, que durante cem anos eu esperaria. E deveria estar preparado como um verdadeira dma. Dessas, fogosos que lampeiam o mundo, mas não o desfazem compurpurina ou pó de arroz. Se espero, espero sozinho. sou eu e o nada. E os dois anseio como a morte esperar!



Sol Ameno



Perguntaram-me hoje porque estava tão soberbo. Disse apenas que mais uma vez vi o sol raiar e, depois, suas luzes morreram. Querem vocês homem mais feliz do que eu? Choro apenas de alegria.Coisa mais perfeita não há.; e rodeado por outro, majestoso. Ilunina minha alma sem dor e sem perguntas. De quem sou? De quem vou? Sou apenas uma velho perdiz, cansado de vôos e estranhos encontros. É quando se abre em púrpura e nos mostra que de entro dela só tem saídas e uma porta de entrada. Mas está porta está aberta desde mil e não sei quantos. Medida certa.Coração falido de emoções. Corriqueiro ou não ainda quero viver este sol ou nele,quando o tempo chegar, desaparecer.





De Branco



Não quero hoje que me julguem um perdedor de sensos. O que vou fazer se aqui me colocaram e não satisfeitos, de lástima me tiram logo meus achados? Se reclamo não é por mal. Mas porquê, a vida foi feita para tirar.Não sou brinquedo, mas não me amortizem meu caos com danos e perdas.Que a tragam vestida de branco.Minha princesa diária. Ela é de vidro e não pode quebrar de branco e morrer



Retratos



Me calo diante das evidências que me provam. Me acusam de solitário, gigante dos mares sem naves. Mural deposto dos homens. Procuro nos vãos uma saída e só me deparo com falsas ansiedades e faces que um dia pousaram em minha vida e hoje as procuro e só encontro em outras cabeceiras - criados mudos impolentes - velhos retratos amarelados e passageiros.Me calor diante dos fatos.Se hoje sou assim, sou fruto dedicado do pôr-do-sol e espero a Lua prá me guardar: eu e o retrato dela.



Calixto



Quando se perde um amor se encontra outro. Quando se perde o poder de lutar, esconde-se na floresta de fantasmas. Se hoje alguém quiser me achar que procure pela primeira floresta e gritem: "Calixto,Calixto..para onde levaram teu cordão de ouro? Para onde levaram sua vida sem registro. Seu pálido rosto sem amores? Se perco um amor, encontro outro, mas tal aquele nunca mais na vida, nunca mais, no forno dessas quatro paredes,que me colocaram por pura loucura ou por excesso de paixão!



João



Meu nome é João. Tenho dois amigos: um pássaro e um cão. O pássaro me resfaz da faina,com seu canto de amenos e o cão me guarda de meus amigos.Hoje já não sou nem tento ser mais ninguém, ninguém. Pois, debruas, todos já passaram do tempo. Meu nome é João e quero esquecer o que fui porque coisa boa não fiz, pro céu se enganar e mandar duendes prá me confortar. Sou pálido e vesgo. Mas sou homem, homem pronto prá chorar!Meu nome é João, até hoje sem encanto.E então?





Parte do Elo



Hoje dedico minha vida a natureza diversa. Que ela faça o que quiser. Que me banhe de sol ou me deixe aprumar meu sono sob as estrelas. Mas não deixe ela hoje partir. Se for, levará metade de mim. E a outra parte é feita apenas de rezinas, pós e procurars.Se for levar, nãoleve minha parte dela. Ela é parte do elo. E tudo que quero vem dela.



Multidão



Quero encontrar neste dia pessoas tão diferentes de mim, mas que lá se igualem em solidão. Coloquei rosas em seu templo e rezei, sem saber, que deuses seu nome haviam levado e era que eu mais amava, por quem eu mais me dizia. Falam: é verdade: agora você vagará entre mil mãos de seda, sem encontrar nenhuma.Será apenas um vazio na vasta multidão!





Arcos



Que me levem daqui.Mas uma palavra quero dizer antes de partir.Perdi o que não tinha, ganhei o possível e conquistei nódoas que nenhum tempo fará apagar. Sei disso...sei disso. Sou bom em matemática e por isso perdi meu tempo procurando alturas,e só caindo em abismos! Enquanto meu barco me esperava no sopé da montanha, junto ao mar, onde ondas rebatiam contra os rochedos. Mas nunca houve sol em tal oceano de espíritos. Nesse excesso de primazia sem calor - Solidão? Não! Calço minha ansiedade de angústia e vou pra praça passear, ver bondes passar e ela desfilar com dois homens, uma garça, um empreiteiro de amor e uma caçamba vazia, mas tão vazia ,como se coração lá estivesse à bordo de navio nenhum!





Detalhe



Detalhe: procuro nas ruas escuras, cercado de bêbados, uma idéia ou uma oração. Encontrei ação. No pálido de meu espírito lembrrei-me de que, quando jovem, sonhava e conseguia conquistar o sonho de alguém. Hoje me rejubilam apenas as flores que me mandam.E a falta de saudades que juram, ficaram! Mas meu sonho nunca mais voltou. Foi morar em outro espaço, sem tempo, sem jardins, sem espaços prá ficar, sem luz prá iluminar! - Ora são detalhes de uma vida vazia!





Tempo no Tempo



Cada tempo é um tempo, cada hora, um espaço. Se você se reduz ao seu tempo está fadado ao próximo. Mas se você descobre dentro de você uma outra parte que lhe falta, a vida será sempre de uma intensa agonia.Que não passa. E um dia você achará.Você dentro de você e por foras mil pedidos de então. Afinal, neste céu imenso, não pipocam mil estrelas e suados sóis, prá fazer a carne arder, sem trelas?



Remendos



Não sei merendar as coisas.Não sei relacionar o próximo. Se antes augurava uma vida cheia de lagos incríveis, hoje me redemoinho em ansiedades e vazias pensatas.só eu queria, ganhar um presente, dentro do próprio presente. Hoje nunca foi igual a ontem. Ontem, foi um vento ralo, morno, que rebatia em nossas faces, mas nada nos dizia. Fomos descobrir, tarde demais, o quanto o tempo é perspicaz e silencioso. Ele age a sua maneira e, de resto, nos deixa em abismos sem profundidade.Nos deixa sozinhos e sem paz. Se quero não alcanço. Perdão morreu. E sei, tudo foi erro meu. Errei ao tentar alcançar. Mas na outra vida,já estavas!





Ritmo



Se passa ao longe

sigo ao longe,

se me não me vê

é porque não me conhece.

E se conhece, me despreza.

O ritmo da vida não foi feito prá nós dois

De um lado fica o teu lado

No meu, a saudade por ter perder.

Uma bobagem - a vida deu reviravolta

e levou você com ele.

Eu, você, nosso passado, passas

e avelãs!

Foi uma festa de solidão!



Vida Inteira



A vida deve ser vista

por você que anda nela,

deve ser vivida por você que deseja nela.

Não faça por desgoto

ou mero acaso.

As frutas doces que me espargem

São seus frutos eternos

E se sou, sou meio você

E você é minha vida inteira.;

De braços abertos para

na vida caminhar.

Juntos e sós, num vazio ameno,

bem peculiar, dos sem deestinos

que a vida não vem apanhar!





Brandela



Amacie o brando como se fosse

de luz,

retorne a paz nas mãos dela.

Faça jus a si mesmo

e nunca deixa passar o tempo

pois ele sempre já era.

Perfaça seu percuso

como fazem os andantes sem rumo.

Procure sempre nela

Na soleira do seu coração

como um grande elo.





Melros



A luz que me rebate também

é sua.;

A vida que me pulsa

faz ordem em meu espírito:

como um espelho, de face dupla,

onde o convívio é harmônico

e irradia belezas e por aqui latejas.

Se falta um espelho,

compre uma par de luvas

de pelica só.

E amacie no rosto dela

Pois você vive apenas uma era.

E depois de passar, passou.

Tudo são lembranças de melros!





Tempos Idos



Horas e horas perco

na rua. Vejo gente de todo tipo

e tamanho agreste.

Vejo ruas e avenidas, vielas

e becos.

Me perco no primeiro beco.

É lá que mora a tal felicidade!

Cheia de mulheres avulsas e coloridas,

de espartilhos cerrados e bustos agigantados.

Não faço por mal. Por mal não faço.

Mas me sinto sozinho e devagar

nesta história de amar prá sempre

pois prá mim não tem lugar,

mas agora é só alugar

que meu vazio passa.

mMs a bruta paixão sempre acaba

por desabar nos aventais da vida

sem primo, pais,parentes

- todos idos!





As Vergas



Tenho duas vergas,

um carro e e uma casa miúda.

Sou trabalhador forçado,

deste que são obrigados a

festejar todos os dias o fruto

do rotina amena e tediosa.

Mas amor que é bom, a quem dar?

Trabalho com ferro e por isso

sou bruto de nasceça, sem perdão

prá chorar.

Agora, pergunto prá cá:

Onde está tal amor

que dele falaram tanto

mas para mim não vem aqui

nem prá pescar!





Reis



Sou rei de duas terras

uma prá dar, outra prá vender,

mas todas elas de bons frutos

e bom sol - quente e fagueiro.

Nao quero mais terras nem ser rei!

Cansei das duas coisas.

Como se cansa de andar.

Prá que quero tudo isso

se não tenho mais ninguém

pra nela frutificar?

Os homens levaram minha

espada e meu coração.

Deixaram um vazio tão grande

sem elo, mas vazio de paixão!





Corpo



Passeio nos corpos a volta

dela

são todos vazios e a procura do

que não acham.

Sou forte e grosso, pronto prá revidar.

Passeio no corpo dela

e remo em seus braços uma canção eterna.

Depois dizem que o amor não existe.

Ora tal! Se existe! Mas nos corpos dos outros

que estão apenas de passagem e nunca

provaram o verdadeiro suco delas!

O amor nunca vai chegar!





Corpo de Orquestra



Fugaz são as coisas passageiras

e eu estou cheia delas.

Uma hora me levam, outras

me tomam,

tudo cercado por regalias do céu.

Não vivo mais no passageiro

porque isso me levou ao caos

aos sem classe.

Hoje sou instrumento sem corda,

uma grande orquestra sem música.

Mas dá prá duvidar!

Porque logo eu resolveram me levar?







Tempo Demais



Tudo na vida tem seu tempo!

Eu já fui no meu, sem chorar.

Vieram e carregaram,

como se leva um caixão sem nome.

Não perca tempo fundando alvíssaras

futilidades que o tempo te prepara.

Seja grande, mas não seja omisso.

Seja forte, mas não seja correção de ninhos.

Faça sua vida a vida dela.

E depois entre no portal do seu espírito,

no âmago de seu destino.

Pois lá está ela já espera.





Amor Alado



Vivo simples e composto.

Vivo a espera, sem dengo ou meros sonhos.

Quero voltar no tempo e esperar

o tempo de novo me levar!

Pra terra dos homens que só sabem ganhar

perder só de mansinho.

Prá lá quero voltar.

Mas à força não vou

Sou maçã de ferro

derretida em tempos coloridos.

Maçãs: desta de comer

em dia de festa que

não tem jeito de acabar.

Por isso , não me espere.

Sou roda, sem fortuna.

Sou homem que só quer voltar

ao tempo da roda, das mãos dadas

do amor alado.





Confins



Longe ficam as coisas

que lá você quer alcançar.

Longe fica a vida que na plenitude

você quer viver.

Não se acanhe com o tempo

Ele é fugaz e

bem traiçoiçoeiro

ele diz que sim

mas hora faz que não

E te leva pros cofins da terra

onde nem de amor se houve falar!





Sagaz



Finge ser sagaz e pouco volúvel.

Se arme de douradas flechas por inteiro

e passe seus dias no gozo dos alpendres,

no rebate do sol.

Se é sua sombra, garde-a para sempre.

Um dia você vem, noutro você vai.

Mas se você cai nas garras do tempo!

Tem tudo a perder e nada a ganhar

O tempo é a garantia de sua

morte

a contagem e seus dias.

O tempo é cruel e valente

e você é apenas fruto de suas asas

fraco e sempre atado

que deixa sua vida sempre parada!





O Alvo



Hora de errar

faz o alvo e finge

que passou de longe, por azar!

Não acerte o alvo, sesmo que ele se mova -

pode ser gente - cascata nossa -

gente de carne e osso

sem parentes

mas que estão ali prá fuzilar.

Faça melhor passe a amar!

Pegue o que você tem bom

e vá com ela.

O amor não tem caminhos, o que vier

é o certo.

Faça de verdade, ame o que tem

e o que está por vir.

Se é esta a sua vez, dela não há como escapar

Só o salva o ato de amar!





Criança



O apanágio é invenção de criança.

E corte no dedo,

é ranhura nas pernas.

Ma se soubesse eu que, o apanágio

na vida de todo mundo

é ser criança,

nunca teria saido de lá.

mas, o tempo, ah! tempo se dó,

trata de se maquiar de falsa gente

e levar a crianca que eu era minha, prá vida

de outros homens, para caminho dos breus solitários.

Mas, enfim, está instalada a ilusão,

acabaram de afundar os meus dias

na mais pura solidão.

Seu destino - hora de errar

Perdoar a gente não perdoa não!





Passando



Foi por amor que

a deixei. Um casulo de beleza,

uma formosura de dar dor.

Tive medo na hora, e fugi de tudo.

Antes, pensei bem - Se a teho agora,

por uns dias se for,

também vou , um dia, perdê-la

para o astro gigante,

qe com sua e foracidade

vem a terra dos homens

para levá-la para outra

terra, mais longíncua.

Como homem de bom coração,

resolvi dexá-la de de lado.

E sabem porquê?

Por que tenho a perder

e as asas do tempo

me levar pra lugar nenhum

nem para os seios dela -

Mas sei,o levar não perdoa,

ao contrário, nem coroa

deixa a gente levar!





Dois Pares



Tenho dois pares

de sapatos:

um prá ir, outro prá voltar.

E não me digam que não.

Voltar é tão simples como o nascer

de uma flor e tão complexo

como fazê-la dourar de beleza formidável.

Voltar é fácil.

Basta apertar em cima de seu coração

e você se esvai pelos caminhos

da vida, sem nenhuma oração.

Mas nessa história, tem sempre

gente de plantão

prá levar prá longe

o que você tem mais de querido!





Ardência



Tenho pressentimento

e visões e sentimentos avulsos

de percas.

Não é lá pelo século andando,

sou eu fruto dos perdidos.

Perdi o pai carinhoso,

a mãe maravilhosa,

e muita gente que só de falar dá vontade

de chorar.

Mas que vou fazer? Quando a gente nasce,

parece que assina termos

em cartórios invisíveis:

Você tem, mas perde,

Você conquista, mas arde de tristeza!

Porque se tudo passa

roda de vez sua vida também,

tudo por bem querer,

do céu e estrelas

que estão sempre na vida vida,

à esqueda!





Frutas Doces



Vi as coisas cresceram ao redor.

E elas foram-se se transformando.

Passa um dia, passadiço do tempo -

e lá estão as coisas mudando.

A gente não vê

porque é pobre de vista.

Mas as coisas estão passando.

Vão também pedras e montanhas.

Na vida tudo passa, mas para eternizar

arrume lá a mulher mais dengosa

cerca-a de carinho e frutas,

e faça dela o suco de sua vida

e faça dela o século que vem depois.

Ai, sim, nada mais morre,nem se move!

É o amor eterno nascendo!





Gosto



Tudo por nada.

Nada por alguma coisa.

Fui a festa do rei e só encontrei camas!

E, curioso, perguntei a um pajém descansando,

do porque de tantas camas.

O homem mascado de armaduras me disse:

É o rei: cada dia ele dorme com uma rainha

E disse que mulher é igual a uma rinha!

Não gosta de deitar no sobretudo de outra.

Mulher, formosa e bela, não gosta do gosto da outra.

Mas gosta de saber o que você faz com uma, faz com outra!





Afago



Aliás tudo vai mal -

Me perguntou o homem da rua.

-Como vão as coisas -

perguntou ele, cético de

minhas pobres coisas -

Vou bem e vou mal

Bem por saber que a vida são duas

E mal por entender o passageiro

das coisas mais simples.

Se sou eu, afago,

Se é ela, me enternece

e com seu amor me guarnece.

Mas dela só quero seu afago, perdão

e amores avulsos sob os cabelos dela.

E disso que da vida a gente leva!





Bom Senhor



Já vi de tudo,

de casco a tombadilho,

já vi o mar,

o céu

e a prontidão.

Vi homens lutando por migalhas de

pão.

Mas não foi um ano bom.

Perdi tudo o que tinha.

E quase muito tempo depois

fui achar os perdidos no colo dela.

Feliz vitória de um homem que um dia

achou que era só e foi descobrir que o eu

só não existe.

Existe distância e reta - meu bom senhor -

mais com uma flor, uma triste flor

você consegue tudo de volta

bem quando o sol vai ser pôr.

Meu bom senhor, é tudo que aresta!

Tudo o te testa

Nesta vida onde mais levam do que trazem!





Passageiro



Busco todas as horas do dia,

uma caminho que não sejam de trovoadas,

um caminho de paz onde raios impávidos

desmanchem o caminho de sua trilha.

Se é você é porque é você.

Nada no mundo tira isso de seus braços.

Se seu caminho é rude, rude é a vida.

Mas bom conselho se dá:

procure sempre no âmago do céu

o apanágio de suas estrelas

o amor eterno que só você soube plantar

um dia fritifica mais na sua vida passageira.





Alada



Bom caminho foi o que encontrei.;

caminho de fêmeas absortos e cálidas

de tanto amor.

Bom caminho, encontrei no passar da vida.;

era uma prá cá, outra prá la.;

tudo igual, tudo diferente,

com uma pontinha de sal e pimenta.

Se você quiser trilhar este caminho

não pense duas vezes

- é um tanto e demais -

para ter todas basta ter uma só -

faz dela, milhares

e compõe sempre uma valsa triste

- que mesmo sem danças -

ela fica fruto de suas coisas

pai de seus filhos,

amante eterna e alada.





Ancião



Vou andando a tiracolo,

nos passos dos outros,

vou andando com desdém,

pois sei que do outro lado

me espera só grandezas miúdas

e quentura de ferver.

Por issso devagar eu vou.

Lá encontrar o que restou dela:

um par de saias de cetim,

uma crespa de algodão,

almofadas de ombreiras

e um vasto caldeirão

de saudade sem perdão.

Ela já lá não estava

pois - me disseram -

partiram com um ancião



Flauta Doce



Tirei o dia para ver as coisas

E há tantas para sentir.

-Mas há de saber sentir:

o vôo áspero do trilho que faz o pássaro,

a luz que o arguto sol deixa no céu de azul

diferente, até igual aos azuis comuns, mas

diferentes prá sentir!

E fui sentindo as coisas da manhã.

E fui sentindo flauta doce

que partia dela.

E fui me magoando em ver tanta

beleza por fora

e tanta miudeza sem sala

esbanjando no corpo dela.

Que um dia já foi meu e, agora espero,

Jamais ser réu da vida dela!

Ela hoje é flauta doce onde

todo mundo põe a boca



Pobre



Vou além das coisas,

mas não passo da meia-volta.

Vou seguindo meu caminho sem trilhas

uso até pilhas prá me iluminar!

Vou atrás dela, onde ela for.

Sei que ela não espera

nem cortesias - amém.

Mas um dia vou lá e entro

na casa dela e digo:

meu senhor, meu senhor, essa mulher

não foi feita a seu molde

ela nasceu prá mim

e tudo foi um descuido

da natureza

que trocou

jasmins por rosas

um pobre-pobre

por um rico de latão.







Conquistas



Hoje é dia de festa

todo mundo se confraternizando,

eu, igual a um tolo e oco

esperando na estrada do Pinheirão

por ela aparecer dourada e sem bandeira,

dizendo prá todo mundo ouvir e faturar:

Não sou mais seu amor

Sou seu fim - que nem história teve.

Nem um paraiso conquistou!





Ouro



Orgulhoso estou

nesta vida de vintém

ganho pouco

mas sou feliz.



Feliz de ter nascido

Feliz de nunca ter ido

à casa dela e pedir

um pedaço dpão

- como um faminto cão -!



Sou feliz assim,

perdi tudo o que tinha

até o ralo amor dela.



Mas ou feliz

isso eu sou.



Pois ela um dia disse

-bem sentimental -

que eu era seu único e bravo amor.



Mas que comigo não podia ficar

Pois não tinha eu um trocado, um centavo.

- Pois sou fornecedor de angústias e

apenas

barras de ouro pro sonho dos outros fincar!





Buraco



Quero sair deste buraco -

uma toca até sentimental -

cheio de raízes e fungos,

pedras úmidas e desconvexas.

Daqui quero sair

Prá pelo menos dizer prá ela:

Ei,espere, sou eu,

aquele teu amor eterno

que você sepultou faz séculos!





Barco



Se vamos nesse barco,

vamos prá valer

aqui só cabe homens

e cambaleantes foragidos.

Se tenho que ir, vou só

procurar trilhas

e desvendar mistérios

que durante toda a vida

ela escondeu de mim!



Pois até o que tinha dentro

da roupa dela

Ela escondeu de mim!



Sem rastro e sem lastro.

boa mulher de mil maneiras

uma rainha de tirinhas

onde não chegam perto

nem as criancinhas!





Coroar



Na hora de ser feliz,

quase ninguém é.

Não porque não quer,

mas porque de lá prá,

nas idas e vindas,

deste mundo amendontrado

Todo mundo foge, até da sombra, v.; a á!



Só tem desvasalados e compulsados

que fazem da vida uma coisa sem sentido

até passageira, sem graça ,oca e senil.



Pois a vida não é isso não.

Tem mais coisa!

tem mais vida dentro da vida

que o vão pode esperar:

tem a graça, a beleza, o amar

o perdoar, dar e receber,

tem o eterno amor prá coroar!



Pressa



Uma garrafa de aguardente é bom nessa hora

Hora de ninguém!

Cai a ave-maria e tocam seis horas.;

Eu, com muito medo da vida

que eu sei que só tem uma volta,

só idas,

me escondo atrás de meu copo e digo

Manuel, Manuel, me traga mais uma dessa

pois tenho medo e não tenho pressa.





Açoites



Quero um sentimento qualquer que tire essa dor,

Dor que vem de dentro

Nem sei se de alma.; é

arrisca, destrói e corrompe

todos os meus sentidos!



Mas encravo a dor do sentimento nela

no mais fundo trigão de terra.

Prá ficar lá e esquecer!



Assim, deito no colo dela

-de puro cetim -

e espero pelas boas novas:

mas que não venham de açoites!

durante meus pernoites,

na casa de ninguém, onde

toda noite todo mundo se renova!





Barco



Nem pensar em coisas boas,

boas só existem notícias que não chegam.;

boas só existem as imagens do oceano,

boas são as de ventre livre e de olhar opaco.

Espero por notícias, ao menos alvisareiras.

Que seja um barco a chegar

Um porto a aguardar.



E com a mulher que sempre amei

afundar no mar sem fim da vida

que faz outra vida dentro dela.

E por fim largar o mal pelo bem

Ser um eterno plebeu nas terras

do Rei Coliseu!





Restos



Que lavrem o livro da vida

e façam o pouco de minha

uma árdua lavratura.;

de duas canetas, um escrivão

e uma perda só de vãos.



Hoje uso avental, sirvo à mesa,

desfaço manchas e sou destro.

Que lavrem o livro da vida

mas me deixem só, de resto!





Rua



Tenho pouca vida pela frente

e disso não me arrependo,

de já ter nascido grande!



De nunca de ter sido moleque de rua,

pitulito de esquina,

criança de bola e de meninas.



Pois criado fui entre quatro

paredes de Paço, onde só me

ensiraram a perder! Me

desmonstrando toda hora que o

mundo é redondo!

Redondo, redondo igual a uma gude

que nunca vi de perto!





Prá Ninguém



Vivo sem poderes

pois vivo sem tamborotes,

ou qualquer som que me desperte

deste sonho de mil almas

onde a força de minha vida

morre, pobre e descascado,

dentro da vida dela.



Hoje,

sou apenas rubrica sem nome

das lembranças de Maria José.

Mulher que hoje, desiludida,

virou prá dois homens

coroada de dois amores falidos.



Que vida ardida!

Que vida perdida!

E minha alma chora por isso:

Por perdê-la pro destino

que a carregou com o vento

pra terra dos alforjes!





Praça



Na praça amena,

cheia de luzes, pipocas e doces,

fico eu sentado a pensar:

cômodo como uma vela,

plácido como um vento calmo:

como pôde tudo isso acontecer?

o ontem virar hoje

sem ao menos dizer que jamais

teria de volta a minha pobre alma,

meus arcanjos prometidos!

Minhas amadas desmedidas!





Vaga



A vida é vaga

como é o puro mar.;

uma hora morno e plácido,

outras feroz e ácido!



Vivo no último extremo

de minha vida: no mar cálcio!

Me chamo Acácio e de mulher

só comprando,

só comprando.

Meus amores estão amando os desleixos e

coisas e coisas,e todas, me largando.





Voltas



A vida dá muitas voltas

Ah! isso dá!

E não é para menos:

Uma hora estou aqui,

outra, vago lá.

Mas no colo dela

nem por favor - do pouco amor -

ela deixa,mesmo se muito penar.





Corda



Quando tinha lá meus 18 anos

queria conquistar o mundo

e suas coisas!

Bravo homem de duas portas!

Hoje nem a si mesmo

conquista.

Ao menos ganha apenas uma torta

da boa vizinha apiedada de valentes e moribundos!

Onde virei instrumento de pura corda!





Ralas



Quero uma gaiola de poucos

prá sempre morar!

aqui onde fico

tem reis e rainhas,

-acho muito - são ralas

e de ventre curto!



Prefiro mina morada:

pálida casa, sem amores,

mais me cai como uma luva

e me faz chorar -

essa história sei de cor:

minha vida mora numa curva!





Achados



O amor da gente

às vezes fica perdido

no setor de achados.;

fui lá um dia buscar.;

mas tinham vendido

à lance curto:mas bem medido,

minha única de nascença,

meu amor de verdade!





Soleira



Romance à parte

sempre fui o segundo.;

mas estava sempre de saída,

por um motivo ou por outro,

a donzela sempre me pedia:

bata a porta quando for embora

reis de pouco na minha soleira,

não ficam não!



Bonde



Minha missão acabou.

Se achegue, seu Mestre, me tire

daqui.

Quero ir embora.

Pra que lugar eu não sei,

mas sair daqui eu quero e

quero viver,acho lá em cima,

perto de onde ninguém foi,

longe de meu passado,

de meus quatro sonhos,

sendo, um deles,o de Maria das Graças,

a que mais quero,

pois foi a primeira a partir

e a última a chegar.

Sendo assim, em nome do bom sendo,

das alegorias,

e dos pares de botas,

dos desgarridos e

esfomeados e se lá

o que mais for

ou tiver por vir,

declaro para os

extasiados que amor,

amor,

não é isso não.

Melhor é esperar

a espera do bonde da meia-noite

e seguir toda a vida

em frente.;

a procura da mulher verdadeira

que seja tomada de amor por inteiro!

E não de vazios passageiros!



Roda



Compro cinco jornais,

deste bons: que dão brindes:

figurinhas,perfumes,

cds,revitinhas e até cocares.;

Compro uma garrafa de pinga-doce,

todos os domingos,

de roupa nova e tratos

de perfume!

Mas já me perguntei:

Mas que diabos, faço

aqui?

Veja lá seu Mestre, me

tire da roda,

minha missão já acabou,

uso remédios para acalmar

e tomo injeções para

desodolorir.

Mas que diabos faço aqui?

Todos os domingos sozinho

e fingindo ser gente grande!

Me tira daqui.

Não sou mais laço

de dar corda.

Sou simples e medroso

igual a um piano sem agudos!





Gamão



Sou apenas um número,

experimente de e a quatro!

mas sem juras de amor:

sem promessas de avelãs!

Sou apenas um número

que a vida me sorteou.

E mandou eu seguir o

caminho dos outros

homens.

Tudo em vão.

Não pulo em precipícios por precaução.

Sou dono da vez e da hora.

Do meu lugar ninguém tira.

Sou bom prá perder,

ou prá jogar gamão.

Mas só não me perguntem o nome

dela.;

Dizem que hoje ele virou,

prá tristeza minha,

dona de jogos de salão:

destes que entra um e outros

dois saem,

saem dois e entram quatro!

Tudo por força de

nosso inesquecível amor!



Fuga



Fui um dia cavalheiro da corte:

era sócio das comodidades, de

falhas e acertos e tudo ocasional.;

e tinha um

terno a passar, um pomar

embrutecido e um jardim

que se negava a dar flores!

Dos contrários, era eu.

Em permanente guerra

com as coisas feitas,

dono de nada,

de verdade nenhuma.

Nem dono dela,

que cheia de minhas

teorias de vidas e valia,

mandou arriar o cavalo

e seguiu léguas e léguas

prá bem longe de mim!

Só dizendo - não me segue...não me segue!



Aragem



Já fui criança,

por mais que não acredite,

dono de bolas

corridas,

parques e

anseios.

Dono de todas as descobertas!

Era sempre forçado a ir a Igreja,

acompanhar certos mortos,

velejar pela noite,acalentando

aves-marias que não entendia e

sempre duvidar - nunca pensar!

E assim passava meus

dias

até que os dias resolveram

passar por mim

e me deixar descabido e adulto

sem ser dono de nada e de ninguém.

Nem da própria aragem!





Cosmopolita



Cosmopolita eu sou!

Já fui dono de quatro mulheres

todas elas sedentas de

amor,carinho e jóias.

Dono delas,pensva,mas eram donas de mim.;

assim enquanto eu pensava ter

um montão de carinho,tinha sim,

um dobrão de dívidas pesquenas que

logo se transformaram numa fortuna!

Quando de todo pobre fiquei,

perdi as dunas!

As mulheres e as lantejoulas!

E hoje faço roçado de fazenda

prá ganhar a vida e o pão.

Mas cosmopolita já fui!

Dono de quatro mulheres

de amor duvidoso!





Homem Feito



Já sou homem feito,

cosmopolita de verdade,

dono de mim mesmo,

virada de ontem,

feito de horas medidas

e turbulências ocasionais.;

sou homem feito,

de marfim ou de bronze,

de couro ou cetim,

não importa.

Sou homem de grandes

e sinceras derrotas.

E sou lá, com muito

orgulho:

possuidor de um varal,

um corrimão,dois sapatos,

quatro perguntas,

e um espírito que

de fuga que consegui

logo que cheguei aqui,

no fim do mundo,

no início das coisas!



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