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Poesias-->poeminha 13 -- 19/02/2006 - 01:48 (maria da graça ferraz) |
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Na casa de pobre
há sempre choro
de criança e um seio
magro, posto para fora,
que menino não suga,
mas assopra,
e às vezes, sai música,
que bem-te-vi escuta
Na casa de pobre
há sempre cheiro
de gordura, de suor,
de mênstruo, de saliva,
das águas do corpo
que se esvaem, sem saída,
fossa entupida
E, no varal, agasalhos
puídos lembram lãs
tosquiadas de ovelhas,
que a benzedeira reza
E há sempre um olhar
desconfiado, de esguelha,
que te acompanha
e meninos nús
e cruz nas paredes
de rebôco, sujas
e terrenos baldios
de árvores altas
e mato onde cresce
abóbora, mandioca
e também, pé de saci
e olho de cobra
Ali, é onde a vida
se volta à pureza
primitiva e ancestral
Nada santo ou pecaminoso
É esta a virtude da miséria:
"Estar abaixo do bem e do mal"
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