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Poesias-->frag-med-1 -- 19/02/2006 - 01:31 (maria da graça ferraz) |
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24
No jardim do hospital,
uma criança
pálida
cabeça raspada
observa
"Uma flor de cera
num vaso de clorofila"
25
O menino dizia
que seu furúnculo
era como um vulcão
E ele andava, alquebrado,
queixinho orgulhoso,
como uma rosa
que experimentara
o próprio espinho
e pensou ser
um passarinho
26
A perna pendida
fora da cama
O corpo oblíquo
O doente estava
sempre em desalinho
Intimamente, eu percebia
que ele ainda lutava
e lutava e lutava
contra a lei estabelecida,
tentando
fugir dos próprios passos
27
O anjo da morte
com sua foice
perambulava pelos corredores
Às vezes, o roçar
do ângulo mais agudo
de sua asa atingía-me
um dos ombros
E meu rosto ganhava
o tom da penumbra
e a temperatura da mármore
Um silêncio
inenarrável fazia fundo
para a figura
do meu silêncio
O vazio absoluto
então vertía-se
sobre o meu peito
e o abria
com sua chave de ouro
E eu era o SOCORRO
congelado
28
A esperança estava ali
na criança
imobilizada pelo gêsso
a sorrir..a sorrir
E nós devolvíamos
o sorriso da criança, sorrindo,
e ela ao nos ver sorrir, sorria mais
Mas após um tempo,
de sorrires flácidos, benévolos,
lassos, a boca ia se gastando,
tornáva-se uma cãimbra
E nossa esperãnca
ia para o nariz
Mas a criança, por favor,
alguém, detenha-na,
persistia a sorrir |
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