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| Poesias-->Duas Arcas -- 23/12/2000 - 10:48 (José Ernesto Kappel) |
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Sou homem de duas arcas:
uma prá ir, outra prá voltar.
Hoje é dia de ir - e preparo a mala!
Quando é dia de voltar
lá vou eu e
outra vez preparo as asas.
Quero ir é muito mais,
do que simples partir,
também quero voltar!
Não quero ficar parado
igual a uma gazela atada.
Quero partir e quero chegar.;
partir, sei que fui,
voltar, nem sei ainda onde vou parar.
Mas tenho uma arca de dois fundos.
Na mala guardo objeto muito pessoais:
um alambrando com arames pontudos,
uma cerca fincadas em paus tortos,
uma escada para descer,
uma porta semi aberta
e um bocado de vento .
Prezo muitos as coisas que tenho,
Mas não sei rezar por elas!
Sou todo familiar: não frequento casas
de alegria, nem de azar.;
não jogo, não fumo, bebo bem a vontade,
e moro sozinho, com minha arca,
numa quartinho bem iluminado.
Na arca tem retratos velhos e até dela,
tem uma floresta encantada - onde nunca pus os
pés, com medo de nela me encontrar!
tem um lindo pôr-de-sol - que não ouso olhar,
tem uma morna e linda lua de outono
que guardo para os dias quentes de verão.
Sou homem que prezo a minha arca,
ora prá ir, ora prá voltar.
Coisas áridas!
Mas sempre comigo ela rumoreja
dissabores e confidências
de deixar qualquer um de pé nas orelhas!.
Sou homem de duas arcas, de duas faces
uma prá bater,
outra prá chorar!
E assim levo a vida
com muitas idas
e poucas voltas,
com pouca gente ao meu lado
sem família nenhuma prá pousar.
Tenho também um grande amor
escondido na arca
mas este, meus senhores,
é coisa minha,
e de lá ninguém tira
ninguém coloca a mão:
o amor é meu
e fica no poente de minha vida
carregando sonhos e pousadas
na esperança de um dia - num dia
de milagres - ela sair de lá e dizer:
Sou sua luz,
sem vaguezas.
Vim te aguardar!
Sou sua pro resto da vida
E nunca mais sozinho ficará.
Pois certos sonhos que carrega
sob os braços,
um dia se tornam reais e alegres:
é quando a ponta do céu se une
a outra outra do céu - e o dia
renasce grandioso.
Dia do amor sem fim.
Mas da minha arca, não largo.
Sou ainda homem de duas farpas:
um prá pensar e
outra prá chorar!.
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