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Poesias-->fragmentos médicos3 -- 21/12/2005 - 02:09 (maria da graça ferraz) |
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Fragmentos
série médico
parte 3
mdagraça ferraz
gracias a la vida
obs- impressões
recolhidas ao longo
de 25 anos de exercício
profissional
11
As crianças
amam suas feridas
Observam-nas
Acaricíam-nas
Conversam
Como se as feridas
não pertencessem a elas
Sentem-se
enfeitadas
com balõezinhos de gás
Ah,rosas de água...cataporas
As crianças
amam suas feridas
como se as feridas fossem
borboletas que não sabem
que devem ser tristes
E , se não são tristes,
as feridas "feridas" nem existem!
12
As rosas eram brancas
mas as mãos eram azuis
O vestido era branco
mas o corpo era violeta
No hospital, tudo que ali
entra, "interna",
vira do avêsso
13
E a velha
após o banho
passava talco talco talco
Explicáva-se, dizendo que coloca levêdo
Não queria apodrecer
Queria fermentar...
Jeito de quase morrer
14
Ela calçara
chinelinhos azuis,
feitos à mão,
bordado de miçangas,
debrum de sianinhas
rendadas
Guando falecera,
no dia seguinte,
caixa à parte,
enterraram os chinelinhos
no pátio do hospital
como se fossem duas asas
15
Antes de morrer,
ele olhara a todos
e exclamara : PARA QUÊ?
E ninguém estava
preparado para
a pergunta
Se tivesse nos perguntado
o porquê, sabíamos
que não sabíamos responder
Mas para quê?
Devíamos saber
Devíamos saber
Devíamos saber
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