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Poesias-->Homenagem ao Dia de Finados... -- 02/11/2005 - 04:17 (Alkiria Xavier) |
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Poema ao dia de finados
m.s.cardoso xavier
No cemitério...silêncio sepulcral
Edifício dos mortos...montes
e formas geométricas
Mansões lúgubres e solitárias
Retratos e inscrições funerárias
Guardam a identificação de outrora vida
Silenciosos habitantes: rezas, flores
vela acesa no seu dia
Esquisita incomunicabilidade
Morte inamovível, cruel realidade
Conquistas tecnológicas
altos cumes cientificistas não evita
Catacumbas, jazigos, laje, capela
monte de terra e simples cruz
Pulverizada estratificação social, refletida
Cada um com sua estória
Indiferença, derrota ou glória
Ricos, pobres, brancos, negros
bonitos, feios, jovens ou velhos
Aí todos se nivelam
No enigmático cessar da vida
A lousa fria encerrou
Um dia, os prantos, orgulho
e desenganos tantos
Agora...só células mortas em putrefação
Corpo inerte, pálido, frio
Desfeito o calor, o entusiasmo, a paixão
a vida
Fim, aniquilação
Germe de outra vida em transfiguração
Dos que ficam: choro, lágrimas
gritos dilacerantes, lastimação
Saudade, consolo, ilusão que nunca irão
Invocação do passado
Atos, matéria, desejos, quimeras
Nunca mais para aqueles se ativarão
Outra dimensão...
Aparentemente em sete palmos escuro
No rijo chão
Jaz corpo anestesiado, indolor
Enfeitado com flores
Paras que então?
Bom seria se em vida
As tivesse com calor e emoção
Num adeus final de separação
Ruído estrondoso do caixão
Pás de terra em laje de concreção
Os gritos derradeiros
Dos que ficam a sofrer na vida
Lacrimosos, com lenços, cabisbaixos
Terrível desolação
Foi-se a matéria, fica a obra
O que restou de sua abstração
Matéria e espiritualidades
Consola, arrefece em ilusão
Cinzas, vermes vão nutrir o chão
Paira leve esperança
Para aqueles que crêem
Novos frutos brotarão
Misteriosa barreira: os que ficam
dos que foram
arrepios, fantasmas e medos vãos
substância não corpórea em flutuação
ao tribunal eterno, após purificação
ressurgirão novas formas etéreas
remidos pecados, brios, omissão...
assim é a dialética da vida
da morte, da ressurreição...
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