| 
 
   
  
				| LEGENDAS |  
				| ( 
					 * )- 
					Texto com Registro de Direito Autoral ) |  
				| ( 
					 ! )- 
					Texto com Comentários  |  
 
  
  
 |     |  
   
 
	|
 | Poesias-->O ANGICO DO PORTAL -- 23/09/2005 - 15:08 (João Ferreira)  | 
	
	 | 
	
	 |  
 |  |   
  O ANGICO DO PORTAL
 
 
  Jan Muá
  23 de setembro de 2005
 
 
 
 
  Nasceu
  E cresceu.
  Foi sempre angico desde sua origem
  E hoje é dono de um robusto tronco
  Vitorioso de muitos anos
 
 
  Carrega na sua história
  Uns tempos de escravatura
 
 
  Foi na época em que seus vizinhos
  Egoístas e intolerantes
  Na luta por espaço
  O obrigaram a se curvar
  E a se humilhar
  Tolhendo-lhe os movimentos normais
  Em direção à luz do sol
  De que precisava para expandir a vida...
 
 
  No decorrer dessa severa humilhação existencial
  Seu tronco sentiu a escrava condição
  Sem estagnar nele a vida que o fortificou
 
 
  Apesar de deficiente físico
  Cresceu confiante
  Buscando seu próprio espaço 
  De olhos na luz
 
 
  E na luta insana
  Entre tantas vitórias
  Ganhou o galardão da liberdade
  E com ele o respeito da vizinhança
  Deixando para seus amigos 
  Um tom vivo naquele exemplar 
  Tronco em arco
  Feito portal
 
 
  Ao olhá-lo os visitantes descobrem emocionados
  Sua oculta biografia
 
 
  E ficam horas e horas extasiados
  Naquela rua onde mora
  Admirando os pergaminhos do céu
  Secretamente divinizados
  No ar livre que ali circula
  Receptivos à maviosa música 
  De tantos passarinhos amigos
  Que acorrem ao local e pousam nos galhos do portal
  Gerando um clima de tranquilidade feliz.
 
 
  Para quem olha este angico robusto
  Recurvado como arco de taberna em Florença
  O portal passa a ser cartaz 
  De estéticas linhas  que insinuam a história
  De um ser do mundo
  Que carrega às costas uma luta inteligente
  E bem sucedida.
 
 
 
 
  Jan Muá
  Olhos de Água, 23 de setembro de 2005  |  
 
  |