|
| LEGENDAS |
| (
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
| (
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
| Poesias-->Comida de Mendigos -- 11/12/2000 - 09:32 (José Ernesto Kappel) |
|
|
| |
Quero isso, quero aquilo,
sou agora comida de mendigos!
Sou afoito,
guerreiro,
e homem sem pátria
e sem ninguém, de dois pares!
Sou correcional e inreligioso
sou avestruz de penas largas,
sou tirolês,
sem montanhas
e sem esperanças.
Tenho poucos amigos
e duas dúzias de inimigos
E todos me chamam de
passageiro.Homem vicinal.
Mas quero isso, quero aquilo,
quero um copo d água com aguardente
quero uma família prá ficar!
Agora vejam só: o Natal tá chegando,
ou já passou - minha embriaguês é pouco
sóbria e sem sexo.
E vejam vocês o Natal tá chegando
e eu não tenho a quem prá proximar
nem prá dizimar!
E dizem - só comprando!
porque de livre vontade ninguém vem.
Compro sim uma caixa de champanha e
um engradado de mulheres bem pagas.
Daquelas que saem do bolo!
E faço meu Natal bem comprado!
Ninguém prá dar ninguém prá receber.
Mas porque inventaram o Natal?
Se nada posso dar, nem me precaver?
Sou pena vazia
escrivão sem cautelas.
E quando estiver todo mundo a festejar
Estou eu lá a chorar!
Perdi tudo:
dois pares de sapato,
um manual de prontidão,
um chinelo de cor marfim!
um corrimão de cedro
e um chapéu de velho!
Perdi até ela
que nada tinha com a história
mas entrou, sem quer, ventre adentro!
Foi só abrir a porta
e ela entrou
ficou dois minutos
Viu que não tinha Natal
e da mesma maneira se foi.
E elevou parte de mim!
Mas também era tudo pago!
De pouco valia tinha,
Até para o mestre das águas!
Hoje, sozinho, lembro pouco do
que restou de mim!
Mas o que restou?
Minha pouca sobriedade
não me deixa pensar !
Uma viagem ao Texas?
-Pouco me lembro!
Hoje, sozinho,
sou comida de mendigos
sou forte a foito,
torto e descabido
vivo de bar e bar
a procura do Natal e sua gente.
Nada encontro, senão penas e lembranças.
Mas disso não quero lembrar
E não tenho o que mais pestanejar.
Mas na noite de Natal, juro eu,
Sou sentar, de manhãzinha, no primeiro
bar aberto!
Vou sentar e pedir dois aguardentes e um copo d água
sentar lá o dia inteiro
e escrever um poema.
Já tenho até o nome -
pois tenho um caneta Bic -
de pena leve -
Mas de nome será:
comida dos mendigos!
Avê eu, avê tu
A vida comeu
o que da vida sobrou
e eu a mim,
só de tentar,me derrubou!
|
|