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Poesias-->Ponto zero -- 10/07/2005 - 15:43 (Myrelle Miranda) |
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Voltei a escrever poemas magoados.
Se serei culpada pelas minhas palavras,
serei culpada pelos meus sentimentos.
Mas não serei culpada pela mentira
que usei durante tanto tempo.
Não serei culpada pelas minhas máscaras.
Continuo estéril como um pedregal.
E quantas pedras há cobrindo-me...
Voltei a escrever poemas magoados.
Mas essa é uma mágoa novíssima.
Deus conhece meu coração dilacerado!
Mas não conhece a minha mais nova face.
Por baixo da máscara havia outra,
e outra máscara por baixo da última.
Vesti-me de branco, rinoceronte.;
agora estou aqui sem roupa, nua.
Foi-se o tempo que eu era os sorrisos
e as piadas, e toda aquela alegria.
Hoje estou cambaleante, cansada,
pálida, "sem uma pinga de sangue",
doente, morta, talvez. Do meu reflexo,
nem sei, nem sei mas de mim de ontem.
O rio correu e levou toda a maquiagem.
A voz veio e as palavras se perderam.
Há somente uma face que eu reconheço
mas ela começa a ficar turva, estranha,
como água suja. Uma face pura, divina,
que começa a perder o seu contorno.
Eu sou fraca, Deus, eu sou fraca!
Sou doente, melancólica, fria,
quase morta. Escrevo magoadamente
todas as palavras da minha vida.
E nem o poema tomou sua forma
eu já me sinto totalmente perdida.
De uma coisa eu não me esqueço:
de tirar cada peça de máscara,
e de olhar bem o meu rosto no espelho,
e de ver que continuo sendo nada.
E por que não a morte, se seria alívio?
E por que a vida, se ela é uma tortura? |
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