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Poesias-->A minha poesia -- 06/12/2000 - 10:39 (Lucas Tenório) |
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A minha poesia pretende ser grande, pretende
Pretende apagar uma a uma as estrelas do universo
Na pretensão de reacendê-las em meus versos,
Recambiadas nos perfis de suas sombras.
Modesta assim minha poesia a tal pretende
Filtrar a luz dos meus vitrais por entre as frestas
Ao percebê-la com a nuance que lhe empresta,
O sombreado de minha alma entristecida.
Calar-se em mim minha poesia a sós pretende
Mostrar-me o corpo feito chaga em carne viva
E então zombar da minha interior ferida,
Depois de exposta na palma da minha mão.
Alegre em si minha poesia sorrir pretende
Das fantasias, ilusões, dos choros, de todo o não.
Porque sai ela com um só lápis nas mãos
Descolorindo a face cinza desse mundo.
De tão tacanha minha poesia errar pretende
Pela lembrança de quem a viu e aprisionou.
Num passarinho que não canta sobra o vôo,
Se nem suas asas conquistaram uma criança.
Mas tão medonha minha poesia rugir pretende
E assombrar os circunstantes do zoológico
Para que um abra e num delírio antropológico
As jaulas frias que me mantêm na escuridão.
E nessa sanha minha poesia fugir pretende
Levando a braços mais esse cego da caverna.
Quem sabe em frente da celestial luzerna,
Mostre o seu rosto a utopia de Platão.
Nalgum lugar minha poesia deitar pretende.
E ancorar o pensamento na amplidão.
Ao acalanto de uma antiga embarcação,
Que do meu sangue faz um rio adormecido.
E então sonhar minha poesia louca pretende.
Com uma nação sem generais ou etnias.
Pelos seus bares discutir filosofia
E em suas praças cortejar a multidão.
Ao acordar minha poesia rever pretende.
Do longo sono quem com um beijo a despertou.
Não quero a cara de um selvagem de Rosseau.
Toco o semblante de um simples ser humano.
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