Usina de Letras
Usina de Letras
27 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63265 )
Cartas ( 21350)
Contos (13302)
Cordel (10360)
Crônicas (22579)
Discursos (3249)
Ensaios - (10693)
Erótico (13594)
Frases (51790)
Humor (20180)
Infantil (5606)
Infanto Juvenil (4954)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1387)
Poesias (141323)
Redação (3357)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2442)
Textos Jurídicos (1966)
Textos Religiosos/Sermões (6359)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->E Então, João? -- 06/12/2000 - 10:37 (Lucas Tenório) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
E então, João?

E então, José?

José... É agora!



Agora deixa de lado essa conversa,

brasileiro!



Vê se há nesse país um dia

sequer sem festa?



Ou quem já viu, José, um dia escuro?



Pula o muro, José,

e sai correndo,

a pé,

atrás do filete de luz do mundo

que o Carlos te roubou.



Drummond te enganou,

José!



Ô José, mulher?



Mulher se está ali, aqui,

acolá e cá.



Mas é preciso dar, José.

Carinho. Ele falou?



Teve tempo pra te mandar beber, cuspir,

fumar, e até ler e discursar.



Ele te escutou?



Ah, certamente o tanto que escreveu,

fumou, bebeu, comeu e arrotou.

Não é?



Ô José, meu caro José,

arromba esse portão!



Acaso temes que o poetinha

não tenha a cópia?



Qual senão, José...?



Não há porta ou fechadura?!



Pois então, humana criatura!

E o que é mais que te segura,

Deus do céu?



Uma noite fria e escura?

O espesso véu de um dia que não vem?



José, ô José, ninguém,

mas ninguém, nesta terra,

jamais ficou sem um bom dia,

depois de uma longa noite de sono,

ou de abandono.



E outra:



"Parede nua para se encostar",

não te enganes,

mais me cheira a laje de sepultura.



Pois é José



Te admira esse degredo?



Incoerência, ódio?

Medo?



E o que esperas, José, de quem te dá

esse Presente de Grego?



Flores?

Doce de leite?



Um cavalo,

um espetacular cavalo, José.

E de tróia.



Nem preto, nem branco

ou malhado. Pior:

de pau e manco.



Vais ganhar alguma guerra com ele,

José?

Aonde?

No Peloponeso?



Pega mesmo o bonde, José,

e deserta,

enfezado,

aos trancos e barrancos!



Vamos lá, José! É agora!

É com você, irmão!

("Quem sabe faz a hora não

espera acontecer")



Não?



É, José.



Eu também cansei, sabia?



De utopia em utopia a gente

vai levando.

E tropeçando.



Vai carregando, nos ombros,

as pedras do caminho.



Um dia só, outro sem ninguém,

outro sozinho.



Quem sabe amanhã até mal acompanhado.



Sendo insistente, e com sorte,

se arruma até quem cante, conosco,



e de lado,



aquele belo purgante da Valsa Vienense.



É..., mas que coisa deslumbrante.



Seria esse coro, José,

entre você e seus ausentes,

ou amantes.



É a hora, José!



Veste o terno de vidro!

(Esboça um largo sorriso)



Põe fogo, bastante,

na biblioteca.



Salve a pinacoteca,

e os discos,

e as poesias.



Deixe o ouro para trás,

José!



Pesa, e tá fora de moda.

Causa alergia.



Bota é dinheiro - vivo, no bolso,

ô mineiro!

(O morto com você é que não

se compra, José.)



Toma um banho,

penteia o cabelo e sobrancelha.



Toma um forte desjejum:

Café paulista com charque e macaxeira!



E então, camarada?



Ainda acreditas em sina?



Você, José?



Queres ficar aí, esquecido,

sem graça,

em Minas,

com todo esse desprezo?

E com um chaveiro pra coleção?



Não?



Morrer?!



Morrer o quê, José!



E no mar?

Que sacrilégio com as baleias.



Vem é cantar, mineiro, e Frevo!

Dite-se o timbre ao

limiar da lua cheia.



Desiste, José,

desse desterro,

e vem comigo, conosco,

vem, desiste!



Vem cá, amigo, vem num paço,

marchar.



Para onde?



Hum...?



Que tal o Recife?



(Inspirado pelo poema

"José", de Carlos

Drummond de Andrade.)





















Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui