LEGENDAS |
(
* )-
Texto com Registro de Direito Autoral ) |
(
! )-
Texto com Comentários |
| |
|
Poesias-->EU/OUTRO POEMA -- 30/05/2005 - 23:13 (JOSE GERALDO MOREIRA) |
|
|
| |
EU/OUTRO POEMA
Coisas da Aldeia
De novelas.
Eu, outro poema acontecido
No dia a dia após as sete da noite
Quando a mulher senta no sofá incandescente
Para ver a novela, dia após dia,
Até o último capítulo.
Ela senta de ventre dilatado
De rosto dilatado
De olhos dilatados, pupilas dilatadas
Narinas dilatadas
Para ver novela e ter seus sonhos
Seus suspiros
Seus sorrisos.
De ventre dilatado esperando um filho
Tendo enjôos
Vertigens
Esperando. Esperando
Um filho que a comova.
Ela espera. Na cama diz que me ama.
Abraça minha carapaça e dorme sem graça.
Sonhando com o filho que ela espera
Que será vivo. Não quimera.
Eu, outro poema acontecido
Ao acordar, às 06:00
Comprando pão, embevecido
Com olhos vermelhos, endurecidos
Por não mais sonharem com a paz
Que poderia me atacar se eu
Estivesse sempre pronto para a guerra
Não estando tão dentro da luta
Sem troféus, vitórias. Vencedores:
Repleta de vencidos, carregados
De maus odores, ao deitar.
De pão endurecido, ao acordar
Olhar estarrecido, ao trabalhar.
Eu, sentado, enternecido.
Ela, dilatada, toda atenção na tela.
Ele, outro poema acontecido
Endoidecido
Com beijo de telenovela.
(Tarcisio Meira olha para Vera Fisher. A mulher, no sofá, suspira, de ventre dilatado, esperando filho.; de olhos dilatados no esperar do beijo:
olhos no vídeo).
|
|