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Poesias-->Jamais -- 17/04/2005 - 15:12 (Rodolfo Araújo) |
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As tuas luzes, entrecortam
A beleza das nuvens, que abortam
As esperanças da pobre ave
Que vaga ébria, fugidia
De algum caos profundo e partido
Provável amor acabado e fundido
A uma estrela vulgar de papel
O fulgor plácido da decepção
Como um raio, aflige, queima a pele
Mas gélido torna-se rápido
Na mesma velocidade celeste
Com a fúria de uma peste
Que toma o corpo sem avisar
O copo corta o chão
Cima a baixo
Lado a lado
Fragmentos extraem o sangue
Da amplidão
Formando um vão
De vácuo, de plenitude
Chamado, assim pude,
De solidão
O livro que estapeia o tempo
Repousa sobre o móvel empoeirado
O claustro escurece, ensimesmado
No castelo, sou marcado
O último a sair
O piano silencia lentamente
Dedilhado por mãos frementes
Em sofreguidão divina
Joelhos sobre os grãos
Da penitência febril
Que é o abril
Em que as folhas caem
Os amores secam
Feridas ardem
Os poetas saem
Sem dizer adeus
Entrelaçando as mãos que não acenam
Com o companheiro dos ais
O sempre presente jamais.
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