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Poesias-->CANÇÃO DA SAUDADE -- 01/02/2000 - 06:18 (Jademir de Andrade Camara) |
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Minhas lágrimas são de saudades
Do longo Congo onde nasci.
De lá saí em bando
Para aqui residir.
Meus irmãos também partiram.
Partiram nossa união,
Nossa família, nossa Nação.
Trouxeram-nos para esta terra distante
Onde os brancos,
"Senhores triunfantes",
Nos maltratavam a todo instante.
Meu peito arde na tristeza,
Na lembrança da Terra-Mãe
Onde éramos gente, tínhamos nome
Lá, no longo e bem distante...
Congo.
Na terra dos brancos,
Onde a madeira-brasa ardia
Com o suor e as lágrimas
Que da testa de minha gente corria,
A vida se perdia.
No dia-a-dia da fazenda,
Era o canavial, a roça,
A casa-grande, a moenda,
Em tudo éramos parte,
Mas...
A saudade ardia.
Quando sentados estávamos,
Nas noites quentes deste lado,
Nossa visão era para a África,
Terra distante que nos flatava.
Suávamos tanto em dor
Que até nosso canto era abafado.
Pois nele clamávamos por amor
E não éramos amados.
Nos cantos de um canto,
Nosso Canto, do Congo,
Era proibido.
Dormíamos amontoados -
Dormíamos???
Vinham os senhores e nos levavam
Para os troncos,
Onde nos amarravam
Quando cantávamos em protesto,
E nos batiam.
Nossas gotas caíam até que,
A última gota de nosso ser,
Nosso precioso sangue caía
E...
Noss alma subia.
Na morte reencontrávamos
Nossa Casa, nossa África,
Nosso Chão.
Era nossa liberdade,
Nossa Comunhão.
Estou agora aqui
No tronco amarrado.
Estou agora a partir.
Sinto-me fraco!!!
A ira dele me bate,
Maltrata, me mata.
Minh alma se solta e,
Enfim,
Estou livre!!!
Que saudades!!!
Sinto minhas forças recobrar.
Encontro em bando:
Bantos, Sudaneses... a África!!!
estou no Congo!!!
Para o branco morri.
Apenas meu corpo deixei
Mas é aqui que estou
A esperar por ti:
Vem meu irmão!!!
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